“É uma sessão legislativa que começou com garantias de estabilidade à esquerda e, aparentemente, essa estabilidade foi encontrada no PSD e não nos partidos à esquerda”, vincou André Ventura, em declarações à agência Lusa, a propósito do debate do Estado da Nação, agendado para sexta-feira, na Assembleia da República, em Lisboa.
André Ventura – que é também presidente demissionário do Chega, depois de ter posto o lugar à disposição na sequência de críticas internas ao seu sentido de voto na declaração do estado de emergência – considerou que esta foi uma sessão legislativa “bastante atípica” devido à pandemia, e “falhou completamente aos portugueses”.
“É o fim de uma primeira sessão legislativa que prometia uma série de coisas — estabilidade, prosperidade, desenvolvimento — e vamos ter precisamente o contrário”, acrescentou, referindo que “só não” haverá eleições legislativas “no próximo ano porque o PSD abdicou de fazer oposição e porque não é possível em termos constitucionais, há uma série de limitações”.
Na sua ótica, além da saída de Mário Centeno de ministro das Finanças, “o grande marco desta sessão legislativa, em termos políticos” é “o doutor Rui Rio assumir-se praticamente como vice-primeiro-ministro de Portugal, como o suporte do Governo socialista, deixando ao Chega e ao CDS a oposição à direita”.
O Chega, partido oficializado em abril do ano passado, conseguiu eleger um deputado único nas eleições legislativas de outubro.
A nível interno, André Ventura admite que o ano de estreia foi “muito desgastante, muito cansativo para todos”, uma vez que é deputado único, mas defendeu que o Chega conseguiu “marcar a agenda várias vezes” com propostas e temas que levou a plenário e admitiu que quer continuar “a abanar um pouco o sistema”.
O deputado antecipou igualmente que, no arranque da próxima sessão legislativa, vai apresentar um “grande plano nacional contra o desemprego”, bem como iniciativas de apoio a jovens e pequenos empresários afetados pela pandemia, prevendo igualmente insistir no projeto d revisão constitucional.
No debate de sexta-feira, de análise do ano parlamentar, o deputado deverá abordar a “ineficácia do combate que houve à pandemia, da disparidade do que foi dito para dentro e daquilo que é dito lá fora sobre Portugal”, e “essencialmente na grande promessa que era a luta contra a corrupção que, na verdade, não aconteceu”, revelou.
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