Mas a operação de segurança tem já hoje o primeiro grande teste, com uma manifestação contra a Aliança Atlântica convocada para o meio-dia em Madrid por uma plataforma que junta movimentos da sociedade civil, sindicatos e partidos, incluindo forças políticas da extrema-esquerda que integram a coligação de Governo em Espanha, liderada pelos socialistas.
O dispositivo mobilizado para garantir a segurança em Madrid e em Espanha nestes dias tem em conta, segundo fontes do Governo espanhol citadas pelos meios de comunicação social locais, três ameaças: a do terrorismo islâmico, a de ciberataques russos e a dos designados “grupos antissistema”, que podem acorrer à cidade e causar distúrbios.
É esta última ameaça que poderá estar mais presente hoje na manifestação de Madrid, embora as mesmas fontes citadas nos ‘media’ espanhóis, há já alguns dias, refiram não haver um alto nível de alerta em relação a esta possibilidade.
Os organizadores da manifestação têm apelado à participação de pessoas de toda o país e da Europa, mas não avançaram com um número esperado de participantes.
A mesma plataforma tinha convocado uma segunda manifestação para quarta-feira, em plena cimeira, mas não foi autorizada.
Quanto à ameaça terrorista, Espanha mantém por estes dias o nível 4 (numa escala de 5) que tem em vigor desde há anos e que corresponde a um “risco alto”.
Já um ciberataque russo durante a cimeira da NATO é “uma possibilidade” que “efetivamente” existe, afirmou a ministra da Defesa espanhola, Margarita Robles, na sexta-feira.
A ministra acrescentou que “por razões de segurança” não podia acrescentar nada a não ser assegurar que “está a trabalhar-se muito seriamente no tema da segurança em todos os âmbitos, no terreno e no espaço aéreo”.
Espanha deu o nome de “operação Eirene”, o nome da deusa grega da paz, ao dispositivo de segurança que montou para a cimeira da NATO, uma escolha propositada por o encontro, em que participarão delegações de 44 países e 40 chefes de Estado e de Governo, se realizar no contexto da guerra na Ucrânia, após a invasão russa de 24 de fevereiro.
Aos 10 mil agentes policiais, juntar-se-ão nos próximos dias os seguranças e escoltas das comitivas, assim como militares da Força Aérea espanhola, a quem caberá o controlo do espaço aéreo, com a ajuda de equipamento da própria NATO, havendo uma preocupação específica com os ‘drones’ (aeronaves não tripuladas).
Grandes artérias da cidade serão fechadas ao trânsito ou estarão com condicionamentos toda esta semana, até a última comitiva estrangeira deixar Madrid.
A estação de metro da Feira de Madrid, onde se vai realizar a cimeira, está já fechada, assim como as imediações do recinto, a que só poderão aceder pessoas autorizadas.
E até o Museu do Prado, cenário de um dos jantares da cimeira, vai estar fechado durante dois dias.
As autoridades apelaram ao teletrabalho entre terça e quinta-feira e para a população de Madrid se movimentar o menos possível nesses dias na cidade, devendo, quando tiver de o fazer, usar os transportes públicos.
Quando apresentaram o dispositivo de segurança da cimeira, as autoridades espanholas disseram que é o maior da história da democracia, superando o da anterior cimeira da NATO em Madrid, em 1997, o das Jornadas Mundiais da Juventude, em 2011, com o Papa Bento XVI, e o de grandes eventos nacionais, como o casamento do atual Rei, em 2004, ou o dia em que Felipe VI se tornou no chefe de Estado, em 2014.
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