"Encontrámos uma escultura de madeira em perfeitas condições pertencente à cultura Chimú no complexo arqueológico de Chan Chan", disse à AFP o arqueólogo Arturo Paredes, chefe do projeto estatal especial que investiga Chan Chan.
A antiguidade da escultura oscila entre os 850 e 1470 anos, o que corresponde ao período inicial da cultura Chimú, segundo o cientista.
Paredes explicou que a descoberta ocorreu na semana passada na Huaca Takaynamo, uma arquitetura piramidal localizada em Chan Chan.
A cidadela pré-hispânica está localizada nos arredores da cidade de Trujillo, cerca de 500 km a norte de Lima, na costa.
Chan Chan foi construída com adobe e barro, sendo a maior cidade da América e do mundo construída com esse material.
"A escultura tem 50 centímetros de altura por 16 de largura e representa um portador de liteira de um governante Chimú, e é uma das esculturas mais antigas que encontramos na área", explicou o investigador.
O personagem usa um boné com corte trapezoidal na parte superior, decorado com sete faixas verticais de cores claras e escuras alternadas. O rosto é plano, de corte oval e pintado de vermelho. O nariz, de perfil reto, destaca-se do plano do rosto, acrescentou Paredes.
Ao lado da escultura, foram recuperadas sementes de nectandra (plantas com flores), que devem ter formado um colar.
Sob a escultura, foi registrada uma pequena bolsa preta com decoração feita com fios marrons e brancos, informou o Ministério da Cultura.
A vice-ministra do Património Cultural, Janie Gómez, ressalvou que a descoberta confirma o valor do lugar.
"O nosso país poderia viver muito bem apenas da valorização dos seus monumentos (arqueológicos). Temos quantidade, variedade de sítios com características excepcionais", elogiou.
Chan Chan, que significa "sol resplandescente" na língua nativa, faz parte, junto com as cidadelas de Machu Picchu e Caral, dos complexos arqueológicos mais atraentes do Peru.
O trabalho de pesquisa e conservação realizado pelo ministério, por meio do Projeto Especial Chan Chan no local cerimonial de Takaynamo, começou em 11 de abril.
Neste centro cerimonial eram realizados ritos como enterros humanos, provavelmente motivados pelo culto de divindades felinas que veneravam.
A extensão de Chan Chan atingiu 20 km² no seu auge. Abrigava cerca de 30 mil habitantes. Agora restam 14 km² do complexo, que enfrenta as ameaças do clima, invasões e roubos.
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