Todos temos de as fazer, todos os dias e, praticamente, a toda a hora.
Claro que umas são mais difíceis do que outras. Escolher um carro não é o mesmo que escolher uma t-shirt para levar para o trabalho, tal como escolher um tipo de pão não tem as mesmas consequências do que escolher com que força política se pode trabalhar para garantir quatro anos de governação.
Pois, este último caso afeta muito pouca gente, melhor dizendo, quase ninguém, senão um primeiro-ministro indigitado à procura de apoio parlamentar para formar o seu governo minoritário.
Foi nesse rol de difíceis escolhas que António Costa se ocupou ao longo do dia, procurando entendimentos políticos com partidos estreantes (Livre), subitamente apetecíveis (PAN) e velhos conhecidos (PCP e BE).
Curiosamente, foi com os seus parceiros mais espinhosos e com quem protagonizar mais arrufos durante a campanha eleitoral, o Bloco de Esquerda, com quem os socialistas parecem ter a coisa encaminhada. “"Convergimos quanto à vontade mútua de prosseguir o trabalho conjunto que tivemos nesta legislatura”, disse António Costa. O Bloco ofereceu uma proposta para “entendimento inicial”, respondeu Catarina Martins.
Da parte do PCP, Jerónimo de Sousa quer fazer a escolha de apoiar o governo, mas sem firmá-la no papel como em 2015, não vá arrepender-se. O PAN ainda não fez a sua escolha — “continua tudo em aberto”—, mas o Livre sim, a de não fazer acordos mas manter-se em contacto com todos os partidos.
Falando em escolhas complicadas, amanhã sabe-se qual é uma das mais árduas e esperadas da atualidade: quem é que a Academia Sueca vai escolher para receber os Prémios Nobel da Literatura referentes a 2018 e 2019 — recorde-se que no ano passado a distinção não foi feita devido a uma sucessão de escândalos.
No que toca a livros, aliás, amanhã é um dia em grande para os amantes da literatura, pois também arranca o Folio, o Festival Literário Internacional de Óbidos. Com um tema versando sobre as “ansiedades modernas” — sendo justamente chamado de “Tempo e o Medo” — a edição deste ano arranca com, entre outras coisas uma conversa entre Afonso Borges e Danilo Miranda, duas importantes figuras da cultura brasileira, e com um concerto gratuito de Cristina Branco. Nos dias seguintes, passarão pela cidade encastelada nomes como Francisco Bosco, Dulce Maria Cardoso, Donald Ray Pollock, José Gil, Elena Varvello, Ricardo Araújo Pereira e Nuno Júdice.
Mas nem de livros se faz uma pessoa, e os olhos também apreciam repousar perante outras coisas que não letras. É por isso que outra sugestão a ter em conta é o Drawing Room Lisboa, uma das maiores feiras de desenho contemporâneo do país. Contando com mais de 60 artistas — onde estão nomes como Ana Jotta, Julião Sarmento ou Helena Almeida — 25 galerias de arte, o evento arranca amanhã na Sociedade Nacional de Belas Artes - até dia 13
E como quinta-feira também é dia de estreias no cinema, há opções para todos os gostos. Se já viu ou anda a ignorar o fenómeno Joker, pode acompanhar com pipocas — ou não, se achar que foram a pior invenção da histórica —as produções nacionais “Vadio”, documentário de Stefan Lechner que acompanha o seu protagonista nos meandros do fado vadio de Lisboa, e “Viriato”, película de Luís Albuquerque sobre o mítico herói nacional.
No plano internacional, contenha as lágrimas em “Varda Por Agnès”, documentário autobiográfico de despedida que a cineasta francesa deixou para trás, admire o biopic “Judy”, onde Renée Zellweger encarna Judy Garland naqueles papéis “à Oscar”, ou veja Will Smith em dose dupla em “Projeto Gemini”, filme de Ang Lee que valeu a atenção da “nossa” Mariana Falcão Santos.
Muitas escolhas, portanto.
O meu nome é António Moura dos Santos e hoje o dia foi assim.
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