“As precárias condições de trabalho dos enfermeiros que têm vindo a agravar-se motivam esta greve e concentração dos enfermeiros à porta do Hospital de São João”, indica comunicado do SEP hoje divulgado.
No documento, o SEP denuncia que “as horas em dívida acumulam-se e já são cerca de 60 mil horas” e “a carga horária semanal aumenta a cada semana, impedindo que os enfermeiros gozem os períodos de descanso a que têm direito”.
“Igualmente, não são cumpridos as horas de descanso entre turnos. E, o recurso a turnos de 12 horas, ilegais, passou a ser a regra da vida de trabalho destes profissionais”, assinala o sindicato para quem “o Ministério da Saúde/Governo são responsáveis pelas ilegalidades que estão a ser praticadas e ainda, pelas condições de trabalho dos enfermeiros potenciadoras de causar o aparecimento de sinais e sintomas de doença nestes profissionais”.
À Lusa, Fátima Monteiro, enfermeira e dirigente nacional do SEP, explicou que os horários “são um caos”, o que “vai ter reflexo na prestação de cuidados, na quantidade e qualidade”, para além do “cansaço, depressões e exaustão” que disse serem frequentes nos enfermeiros.
“Os colegas fazem 12 horas consecutivas, não têm folgas nem fim de semana e a situação está a atingir contornos insustentáveis. Os conselhos de administração dizem que a única solução é reduzir o número de camas. Logicamente que esta política é inaceitável”, criticou.
A greve na próxima quinta-feira, explicou, é uma “forma de chamar atenção para as condições em que os enfermeiros estão a trabalhar”, não sendo cumpridas “as mais elementares regras de elaboração de horário”
A dirigente sindical adiantou que “para dia 30 de maio esta prevista uma greve de um dia com concentração dos enfermeiros na Unidade Local de Saúde de Matosinhos”.
“Se o Ministério da Saúde responder negativamente, vamos continuar a pressionar. Nunca desistimos”, frisou.
Na passada semana, o mesmo sindicato denunciou que há 130 mil horas de trabalho em dívida a estes profissionais nos hospitais de São João e Santo António (Porto), e Pedro Hispano (Matosinhos), alertando ser “emergente” contratar mais profissionais.
“É emergente a contratação de enfermeiros com a iminência de fecharem camas”, alertou então Fátima Monteiro, referindo que as “horas em débito” aos enfermeiros vão “aumentar” ainda mais com a entrada do “período de férias” e com os profissionais com “contrato individual de trabalho a passarem de 40 para 35 horas semanais” a partir de 01 de julho próximo.
Questionado pela Lusa, o Hospital São João escusou-se a comentar as críticas e a greve dos enfermeiros.
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