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O Presidente dirigiu-se esta tarde aos jornalistas nos tradicionais votos à imprensa a partir do palácio do Eliseu, fazendo o diagnóstico do estado da liberdade de imprensa e trabalho dos media franceses, assim com as dificuldades da profissão.
“Há uma violência instalada na rua […] É preciso combatê-la e eu serei intransigente sobre isto. […] Muitas vezes, os jornalistas não conseguiram fazer o seu trabalho como quiseram e isso eu reconheço”, afirmou Emmanuel Mácron.
Uma das questões colocadas ao Presidente pelo jornalistas que acompanham regularmente o chefe de Estado foi a violência a que muitos dos seus colegas foram sujeitos durante as manifestações dos “coletes amarelos”, quer por parte dos manifestantes, quer por parte da polícia.
“É importante exigir [às forças da ordem] todo o respeito pela deontologia e pelo exemplo que têm de dar. Os jornalistas devem ser capazes de fazer o seu trabalho”, respondeu o Presidente, garantido ter pedido ao ministro do Interior, Christophe Castaner, novas medidas para garantir a segurança dos jornalistas durante as manifestações.
O Presidente lembrou ainda que este ano foi o quinto aniversário dos atentados contra o jornal “Charlie Hebdo” e que há ainda perigos à liberdade de imprensa quando o “The New York Times” suprime as publicações de ‘cartoons’ da sua edição internacional, relembrando o episódio entre o jornal norte-americano e o cartoonista português António.
“É importante que o nosso país não ceda a esta lapidação e à ordem moral e continuemos a criticar todas as formas políticas e todas as religiões. Somos um país onde a liberdade de blasfémia existe e queremos continuar a sê-lo”, defendeu Emmanuel Macron.
O Presidente francês lembrou ainda o combate contra as ‘fake news’, mesmo que a lei introduzida pelo Governo seja contestada pela própria imprensa devido aos poderes imediatos que dá aos tribunais.
“A não ser que eu esteja enganado, em 1881 [data em que foi criada a lei basilar da liberdade de imprensa em França] não havia redes sociais, nem países que viam as suas eleições a serem manipuladas, logo é uma realidade da nossa democracia com a qual temos de lidar”, argumentou o líder francês.
Macron deixou ainda uma palavra sobre a greve, nomeadamente a greve que dura há mais de 40 dias na Radio France, devido ao projeto de lei da reorganização dos meios audiovisuais do Estado.
“Não ignoro a greve que está a acontecer, nomeadamente na Radio France, mas devemos continuar a avançar”, disse o Presidente, dando a entender que não haverá recuos no despedimentos de 300 pessoas na rádio pública.
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