"A minha preocupação principal é que não haja efeitos colaterais na comunidade portuguesa das cenas de violência lamentáveis que vimos nestes sábados. É claro que não está em causa o direito ao protesto, isso são crises políticas normais em democracia", afirmou, em declarações à agência Lusa, o diplomata português, que cumpre hoje um ano em Paris.
O embaixador Jorge Torres Pereira adiantou que a recomendação é manter ‘low profile’ (discrição), revelando estar otimista em relação aos protestos previstos para sábado.
"A recomendação é o ‘low profile’, não nos expormos. Aqui [na embaixada] não estamos muito longe do Trocadero e da avenida Kleber [onde no passado sábado foram queimados vários carros]. Não é assim tão longe. Mas é uma questão de bom senso, não teremos os carros da embaixada estacionados à frente do edifício”, referiu.
O diplomata acrescentou: “A minha expectativa é que não se vai repetir a sensação de quase descontrolo como no sábado passado".
"Não vale a pena fazer uma dramatização exagerada. No sábado passado fui ao teatro à noite. Claro que, quando voltei, havia um cenário quase de Beirute, mas isso é outra coisa. As pessoas não devem ficar com a ideia de que houve um estado insurrecional que não se podia fazer o que quer que seja", explicou o embaixador.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros português advertiu hoje os cidadãos para que evitem "deslocações não necessárias" a Paris no sábado, face à "forte possibilidade de confrontos" nas manifestações convocadas pelos "coletes amarelos".
Há três semanas que os franceses saem à rua, bloqueando rotundas e autoestradas do país, primeiro para exigir a suspensão de um novo imposto sobre os combustíveis, mas depois também para denunciar o empobrecimento.
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