“Costumamos vir a 07 ou 08 de maio. Este ano viemos a 27 de abril”, afirmou à agência Lusa Carolina Gaiteiro, peregrina de 64 anos da Póvoa do Varzim, confessando que “estava com muito receio” de não garantir lugar, ela que há “mais de 30 anos” faz da Cova da Iria o seu local de peregrinação.
Como Carolina Gaiteiro, muitos outros peregrinos já se encontram nos parques à volta do santuário, a uma semana da chegada do papa Francisco.
Para este campismo improvisado trazem a “casa às costas”, procurando replicar num pequeno espaço o conforto de casa, carregam as suas preocupações, mas também as de filhos e netos, e fazem da fé a razão da deslocação.
“Nossa Senhora tem-nos acompanhado”, disse Américo Santos, de 68 anos, antigo pescador que nunca falhou uma visita papal a Fátima e que passou a faina aos filhos e, por isso, “há sempre uma preocupação”.
De Pedras Rubras, o casal Guedes também montou este ano tenda mais cedo, preocupado com a possibilidade de não ter lugar.
“Chegámos a 04 e vamos a 14. Isto vai ser uma enchente”, vaticinou Américo Guedes, de 65 anos, convicto de que não vai conseguir ver o papa, mas sem lamentações: “O nosso objetivo é Fátima”.
Reformado, o casal, que repete a estada na cidade-santuário em maio, agosto e outubro, “agora só pede saúde”.
“Se a saúde ajudar”, Marília Correia, de 76 anos, e o marido, de Vila Nova de Gaia, contam ficar em Fátima “até depois do dia 13”.
O casal mora por estes dias na autocaravana que estacionou, também, num parque do santuário.
“Chegámos no domingo, cinco dias mais cedo, para evitar a confusão”, justificou, quem encontra em Fátima a “tranquilidade” para contrabalançar dias mais conturbados: “Parece que estamos noutro mundo”.
De Setúbal, António Gaspar, de 69 anos, também quis adiantar a viagem na autocaravana.
“Não sabíamos o que vínhamos encontrar, antecipámos um pouco pela afluência ser muita”, contou o peregrino que chegou a 24 de abril a Fátima, local onde se sente “tão bem” e onde “há qualquer coisa de especial”.
De França, Lurdes Exposto, de 66 anos, e o marido fizeram-se à estrada a 24 de março com destino a Bragança, de onde saíram para Fátima há mais de um mês.
“Disseram-nos que já não havia lugares. Ficámos com medo”, desabafou a peregrina, cuja causa da viagem é o papa, mas também para “agradecer e rezar” à Virgem de Fátima.
Com ela trouxe a fé, mas também a confiança de que a candidata da extrema-direita, Marine Le Pen, não vai ser eleita presidente de França.
“Ela não passa”, declarou Lurdes Exposto, crente num outro caminho para o país que a acolheu ainda era menor de idade.
Francisco será o quarto papa a visitar Fátima, nos dias 12 e 13, e vai presidir ao centenário dos acontecimentos na Cova da Iria.
Os anteriores papas a estar em Fátima foram Paulo VI (1967), João Paulo II (1982, 1991, 2000) e Bento XVI (2010).
No dia 13 de maio, Francisco vai presidir à cerimónia de canonização dos beatos Francisco e Jacinta Marto, os mais jovens santos não-mártires. A cerimónia, a primeira realizada em Portugal, vai decorrer em Língua Portuguesa, no recinto do santuário de Fátima.
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