“É a primeira vez que estou a usar o voto antecipado. Não vou cá estar no próximo domingo [dia das eleições] e devo dizer que está espetacularmente organizado”, afirmou à agência Lusa Maria da Conceição Peleteiro, após votar.
Um total de 56.287 eleitores estão inscritos para votar antecipadamente hoje nas eleições legislativas de 6 de outubro e só em Lisboa estão registados 21.600 pedidos.
A eleitora acrescentou que, como “estava a ver tanta gente”, receou ter de aguardar uma hora para poder votar, mas demorou apenas “cinco minutos”.
Conceição Peleteiro explicou que não votou em várias ocasiões porque não havia “possibilidade de votar antecipadamente” e, se não o tivesse feito hoje, “iria figurar como tendo sido mais um dos que não vai votar”.
Apesar de presos ou doentes internados já poderem votar antecipadamente, este mecanismo apenas foi disponibilizado aos portugueses recenseados em território nacional nas anteriores eleições europeias de 26 de maio.
Segundo informa o 'site' da Comissão Nacional de Eleições, o sufrágio antecipado em mobilidade pode ser feito, em 29 de setembro, em “qualquer capital de distrito no continente ou de cada uma das ilhas das regiões autónomas”.
Ou seja, um eleitor de Viana do Castelo que não puder votar em 06 de outubro não precisava de justificar e bastava pedir para votar na semana anterior, num círculo eleitoral à sua escolha.
Para Conceição Peleteiro, o pedido através da Internet para votar antecipadamente “foi de uma facilidade infantil” e, por essa razão, as pessoas se não votarem “é porque não querem”.
Nas europeias, das mais de 19.500 pessoas inscritas para votar antecipadamente, 85% exerceram o direito de voto, mas Lisboa foi das cidades onde se formaram filas, com tempos de espera até 40 minutos, originando protestos dos eleitores e críticas de partidos.
Para evitar a repetição do problema, as mesas de voto foram instaladas na reitoria da Universidade de Lisboa e, para evitar filas, cada mesa ficou com 500 eleitores em vez dos habituais 1.500.
As mesas de voto na capital distribuíram-se pela reitoria e também pela Faculdade de Direito, com grande afluência naquela zona, mas sem filas dentro ou fora dos estabelecimentos.
“Sou estudante da Universidade de Lisboa e é mais cómodo vir aqui votar do que ir a Braga” afirmou Francisco Mariz, acrescentando que o processo é “super simples”.
O estudante contou que lhe perguntaram onde estava recenseado, encaminhando-o para a respetiva mesa de voto, notando que, assim, “as pessoas não têm desculpa para dizer que não podem votar ou que não têm tempo”.
Vítor Delmiro, recenseado em Beja, também não encontrou quaisquer constrangimentos quando foi votar: “Demorei mais tempo a estacionar o carro do que a fazer o voto”.
O eleitor referiu que não votou uma vez “por estar longe” da freguesia onde está recenseado e, apesar do voto antecipado resolver o problema, talvez o “voto através da Internet” simplificasse ainda mais o processo.
Bárbara Cardoso, de 24 anos, demorou apenas “uns três, quatro minutos” a votar, sem contar com “o tempo de espera, que foi, sensivelmente” mais três minutos.
A eleitora de Faro contou à Lusa que “antes de saber que havia esta opção estava meio chateada”, mas descobriu o voto antecipado em mobilidade através das redes sociais.
Para ajudar a combater as elevadas percentagens de abstenção, Bárbara Cardoso admitiu que, além do voto antecipado, é necessário “falar mais sobre isto na Internet, que é onde os mais jovens passam mais tempo”.
“Não se fala muito sobre isso e parece que, de repente, a política é uma coisa muito complicado e difícil de entender, que é só para velhos, quando nós jovens temos um papel fundamental”, sustentou.
Para Maria Silva, eleitora da “margem sul”, também foi a primeira vez que antecipou o voto.
“Se queremos reclamar temos de votar, porque senão nem abria a boca”, finalizou, após entrar, votar e sair rapidamente, sem filas de espera.
O vice-presidente da Câmara de Lisboa, João Paulo Saraiva - que foi ver como estava a correr o voto antecipado -, confessou que, desta vez, está “tudo muito bem estruturado”, tendo sido possível aprender com as europeias.
“Era a primeira vez e tudo o que se faz pela primeira vez, com um espaço tão curto para fazer uma montagem operacional, porque as pessoas podem-se inscrever até ao final de quinta-feira e, portanto, resta muito pouco tempo para mobilizar um conjunto de pessoas” e instalações para responder às inscrições, explicou.
Desta vez, contudo, o autarca garantiu à Lusa que o concelho está preparado para receber bem mais do que os 21.600 inscritos para hoje.
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