Pelo quarto dia consecutivo, o processo de Tancos, em que o ex-ministro da Defesa Azeredo Lopes é um dos 23 acusados pelo Ministério Público, é o tema da campanha eleitoral para as legislativas de 06 de outubro, apesar dos partidos à esquerda considerarem que há outros temas para serem discutidos.
No dia em que Assunção Cristas faz 45 anos e António Costa cancelou uma ação de rua em Braga devido a dores musculares, o CDS-PP propôs que o parlamento envie ao Ministério Público as declarações do ex-ministro da Defesa Azeredo Lopes e do primeiro-ministro, António Costa, sobre o caso Tancos, para saber se houve “falsas declarações”.
“É muito importante que seja esclarecido se houve ou não falsas declarações com relevância para este processo”, afirmou Cristas, admitindo que, em último recurso pode ser o partido a pedir, não tendo dúvidas de que houve declarações contraditórias entre Azeredo e Costa em todo o processo do furto de material militar do paiol de Tancos, em 2017.
A líder do CDS desafiou também António Costa a esclarecer, “de uma vez por todas”, o que sabe sobre o caso Tancos, ou “assumir as consequências”, inclusivamente uma nova comissão parlamentar de inquérito.
Por sua vez, o presidente do PSD acusou o PS de não saber "o que há de dizer" relativamente a Tancos e, usando a ironia, pediu ao secretário-geral socialista para apresentar uma lista dos assuntos sobre os quais poderá falar na campanha.
"O que todos nós notamos em Portugal é que o Partido Socialista, relativamente à questão de Tancos, não sabe o que há de dizer", afirmou o presidente do PSD em declarações aos jornalistas em Mirandela, quando foi questionado sobre a manchete do Expresso, segundo a qual o PS considera existir uma conspiração contra partido por parte do Ministério Público.
O porta-voz do PAN, André Silva, concorda com a criação de uma segunda comissão de inquérito ao caso de Tancos, mas criticou a "politização" e "aproveitamento político" do processo judicial, em declarações aos jornalistas após uma viagem de comboio na Linha do Vouga, que começou em Santa Maria da Feira e acabou em Espinho, no distrito de Aveiro.
Na sexta-feira, o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, mostrou "toda a disponibilidade" para uma nova comissão de inquérito ao caso de Tancos.
"Muitas vezes, alguns vêm dizer, bom, vocês estão um bocado apertados, as sondagens não estão muito boas. Não sei quais as sondagens a que se referem. Há tantas. Umas boas outras más. De qualquer forma, podemos dizer: fiem-se nas sondagens e deixem-nos trabalhar e avançar e vão ver a surpresa que terão na noite das eleições", disse Jerónimo de Sousa.
Já a coordenadora do Bloco de Esquerda considerou que a campanha eleitoral “não permite que haja ‘achismos’ sobre matérias tão graves" como o caso de Tancos e sustentou que “ninguém está acima da lei” e que “a justiça tem de fazer o seu caminho”.
Catarina Martins sustentou que o caso de Tancos é grave, mas que “não é único assunto do país”, tendo destacado, num almoço, em Lisboa, que “o Governo nada teria feito sem o BE e sem o PCP.
Tal como acontecera no comício de Viana do Castelo, na sexta-feira à noite, também agora, em Famalicão, o líder socialista não fez qualquer referência ao processo de Tancos.
Num almoço comício em Famalicão (distrito de Braga), António Costa, fez um discurso contra "a ilusão" que as sondagens podem provocar nos eleitores e contra uma eventual dispersão de votos na sua área política, alegando que "há um grande combate" a travar.
Num comício vespertino na Sociedade Filarmónica União Piedense, na Cova da Piedade, Almada, Jerónimo de Sousa previu um resultado melhor do que indicam as sondagens para a Coligação Democrática Unitária (CDU) na noite eleitoral de 06 de outubro, graças ao trabalho efetuado e à campanha de comunistas e "Os Verdes".
Entre os partidos sem assento parlamentar, também o presidente do partido Nós, Cidadãos! defendeu que o caso de Tancos não deve ser usado como uma “falsa bandeira” na campanha capaz de afastar a atenção daquilo que importa às pessoas.
Já o líder do partido Chega, André Ventura, disse que, num “país civilizado”, o primeiro-ministro se demitiria e não se recandidatava.
A candidata do Livre Joacine Katar Moreira realizou uma ação de campanha em Odivelas, defendendo, em declarações à Lusa, um aumento do salário mínimo para os 900 euros.
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