De manhã, em Lisboa, o secretário-geral comunista, Jerónimo de Sousa, não demorou a responder à coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, que, no sábado, tentou polarizar a disputa do voto, entre o PS e o BE, nas legislativas de 06 de outubro.
Jerónimo discordou de Catarina, estabeleceu como desafio eleitoral, "pela positiva", o "reforço da CDU", que junta PCP e "Os Verdes", à margem de um encontro com artistas e outros trabalhadores do setor da cultura, no Museu do Aljube, em Lisboa.
"Não tenho de fazer comentários em relação a declarações de Catarina Martins, mas acho que o nosso combate, da parte do PCP e da CDU, é o seu reforço, naturalmente com esta questão de o PS poder ficar com as mãos livres se alcançar uma maioria absoluta", disse.
À hora do almoço já o secretário-geral do PCP tinha virado o discurso, afirmando que as "leis laborais sempre foram um espaço de conflito e separação entre esquerda e direita", acusando o PS usar os "pronto-socorro" PSD e CDS-PP.
E a coordenadora bloquista, também à hora e almoço, prometeu uma campanha eleitoral de "respeito pelas pessoas", "sem palavras ocas e sem provocações", apresentando-se o BE a estas eleições como um "fazedor de pontes" e sem arrependimentos do caminho feito.
No campo da esquerda, o PCP anunciou hoje que já enviou ao BE e aos Verdes o requerimento de fiscalização sucessiva da constitucionalidade das alterações às leis laborais e Jerónimo de Sousa admitiu que deverá ser entregue aos juízes do Tribunal Constitucional durante a campanha eleitoral.
À direita, a presidente do CDS evitou entrar em qualquer tipo de choque com o PSD a propósito das sondagens. Assunção Cristas afirmou que quem vota no seu partido tem o voto "seguro" a “somar para uma resposta de centro e de direita”, onde se inclui o PSD, que, para isso, precisam de eleger 116 deputados ao parlamento.
Na Guarda, durante uma visita à Feira Farta, Cristas insistiu numa proposta que o partido já apresentou e recupera no programa eleitoral para as legislativas – a criação de um estatuto fiscal para o interior do país, incluindo “descontos nas portagens" para os residentes nessas regiões.
De manhã, como não choveu e até fez sol, o líder do PSD, Rui Rio, foi passear de bicicleta pelo Porto para assinalar o dia europeu sem carros, vestiu a camisola amarela e desvalorizou, uma vez mais, as sondagens que o coloca muito atrás do PS, para dizer que o objetivo da sua “corrida” é “ter o melhor resultado possível que é ganhar, começando já hoje com os resultados [das eleições regionais] na Madeira”.
Mais do que a diferença de pontos percentuais entre PS e PSD nas sondagens, uma das últimas apontou uma subida de três pontos percentuais para os sociais-democratas, Rio insistiu que não confia em estudos de opinião afirmou-se preocupado com o distanciamento entre socialistas e bloquistas.
“A distância do PS que tenho notado não é nas sondagens, é a distância relativamente ao BE, que é uma coisa que custa a entender. Enquanto foi útil para o PS, o PS andou quatro anos com o BE ao colo, e o BE com o PS ao colo. Agora, como dá jeito nas eleições fazer uma demarcação do BE, [o PS] faz a demarcação. A 06 de outubro [data das legislativas], se precisar, volta a chegar-se ao BE”, criticou.
Mais à esquerda, a caravana do PS andou a norte e António Costa admitiu que não estará na campanha a tempo inteiro por ser primeiro-ministro, numa ação a norte, em Espinho, onde chegou de comboio, vindo de Oliveira de Azeméis, no distrito de Aveiro.
Aproveitando estar entre comboios e carris, o secretário-geral socialista considerou que o investimento na ferrovia é um dos “grandes desafios”, relembrando que até 2030 Portugal tem de ser capaz de reduzir em 40% as emissões de gases com efeito de estufa.
Se ele não está a 100% na campanha, o partido está “todo na rua”, prometeu António Costa.
E dois dias depois de ter sido divulgado o parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre as incompatibilidades entre governantes e negócios com empresas de familiares, António Costa comentou que o texto é “absolutamente inequívoco”.
O primeiro-ministro decidiu homologar o parecer do Conselho Consultivo da PGR sobre incompatibilidades e impedimentos de políticos, no qual se recusam interpretações estritamente literais - e até inconstitucionais - das normas jurídicas.
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