Em entrevista à Lusa, Cleber Buzatto, secretário-executivo do Conselho Indigenista Missionário, uma organização da Igreja Católica, explicou que os líderes índios têm mostrado a sua preocupação com a subida de Bolsonaro nas sondagens, o favorito com 35 por cento dos votos.
“Todos os indicadores apontam para que, caso [Bolsonaro] venha a ganhar a eleição, os povos indígenas sejam duramente afetados, duramente atacados, duramente agredidos justo com seus aliados”, afirmou.
Cleber Buzatto argumentou que as manifestações do candidato de extrema-direita em diferentes ocasiões sobre o tema indígena mostram que Bolsonaro é contra as leis de proteção destas comunidades na Constituição do Brasil.
Entre “estas afirmações está, por exemplo, a [promessa] de que se ele for eleito não vai demarcar nenhum centímetro a mais de terras indígenas no país”, apesar de existirem “800 procedimentos de demarcação de terra indígena” por decidir pelo governo.
Segundo o secretário-executivo da organização católica, um dos riscos da política de Bolsonaro é a sua ligação a deputados ligados ao agronegócio, um setor que há décadas atua no Congresso para diminuir a política de proteção dos índios brasileiros.
“O tema indígena tende a ser bastante prioritário numa eventual gestão Bolsonaro porque o leque de alianças que ele já formou comporta grupos económicos que aderiram à sua candidatura. A adesão da Frente Parlamentar Agropecuária, a chamada bancada ruralista, é um indicador de que a demarcação de terras indígenas será um foco”, avaliou.
“É muito evidente que uma vitória do Jair Bolsonaro seria de todas [as campanhas que concorrem] a mais prejudicial. Sua eventual vitória é a que mais preocupa os povos indígenas e seus aliados”, concluiu.
Bolsonaro, do Partido Social Liberal (PSL), lidera as presidenciais com 35% das intenções de voto, 13 pontos percentuais frente do seu rival imediato, o candidato do Partido dos Trabalhadores (PT) Fernando Haddad, que tem 22% da preferência dos eleitores.
O Brasil realiza no domingo eleições presidenciais, para o parlamento (Câmara dos Deputados e Senado) e para representantes de governos regionais.
Se nenhum candidato à Presidência superar 50% dos votos válidos haverá uma segunda volta no dia 28 de outubro.
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