O ex-ministro da Defesa Azeredo Lopes foi hoje acusado pelo Ministério Público de abuso de poder, denegação de justiça, prevaricação e favorecimento pessoal praticado por funcionário no "caso de Tancos" e proibido do exercício de funções.

O presidente do PSD considerou “pouco crível” que António Costa não soubesse do encobrimento sobre Tancos, dizendo que “tudo leva a crer” que exista uma encenação do Governo para que saíssem notícias envolvendo o Presidente da República.

“Eu acho que é pouco crível que um ministro, seja ele qual for, não articule aspetos desta gravidade com o primeiro-ministro, ainda assim eu nunca poderei dizer mesmo se ele sabia ou não”, afirmou Rui Rio nas Caldas da Rainha (Leiria).

Ainda assim, Rio considera igualmente grave “a hipótese” de António Costa não saber, já que tal indicaria que havia ministros que não informam o primeiro-ministro de tudo aquilo que “de relevante e grave” se passa no respetivo Ministério.

Na resposta, o secretário-geral do PS, António Costa acusou o presidente do PSD de ter atingido a dignidade da campanha eleitoral ao procurar envolvê-lo no caso de Tancos e afirmou que Rui Rio desiludiu quem o considerava pessoa com princípios.

António Costa não comentou o teor da acusação do Ministério Público contra Azeredo Lopes, mas fez duras críticas ao líder social-democrata, dizendo que "não é aos 58 anos" que ele, António Costa, reconhece a Rui Rio "autoridade para fazer julgamentos morais" em matéria de conduta política.

Depois, o secretário-geral do PS referiu que "ainda há dois dias todos os portugueses ouviram Rui Rio dizer que tinha como princípio fundamental não fazer julgamentos na praça pública".

"Ora, eu não mudo de princípios fundamentais de dois em dois dias e há cinco anos que digo aquilo que sempre achei ao longo de toda a minha política: na justiça aquilo que é da justiça e na política o que é da política. E quem sacrifica aquilo que são princípios fundamentais dada forma de estar na vida política envergonha-se a si próprio mais do que ataca quem quer atingir", advertiu.

A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, considerou que é muito grave, caso o Ministério Público tenha razão, concluir que "responsáveis políticos mentiram numa comissão de inquérito" sobre o caso de Tancos.

Há, sublinhou Catarina Martins, "uma obrigação de responder às comissões de inquérito", uma vez que estas não são "uma conversa de café, têm um regime específico".

Jerónimo de Sousa, secretário-geral do PCP, afirmou de manhã que "ninguém está acima da lei", numa altura em que apenas eram conhecidas notícias sobre a acusação de Tancos.

"Tendo em conta a acusação, que haja de facto esse julgamento e a decisão. A decisão é dos tribunais, fazendo com que a justiça funcione. Ninguém está acima da lei", sublinhou.

Já Assunção Cristas foi mais veemente nas palavras, acusando o Governo do PS, ainda antes de ser conhecida a acusação, de “encobrir criminosos” e impedir “a justiça de funcionar”, e exigiu “explicações públicas” do primeiro-ministro, António Costa.

“Espero que as pessoas reflitam muito bem no dia 06 sobre que tipo de governo querem ter. Se querem ter um governo que encobre crimes, que iliba criminosos, que impede a justiça de funcionar, porque aparentemente conhece e dá cobertura a um acordo que impede que os responsáveis pelo furto sejam efetivamente apanhados e punidos” ou “se entendem que basta”, disse em Lamego, distrito de Viseu.

André Silva, porta-voz do PAN (Pessoas-Animais-Natureza), apenas referiu que caso se comprove que o ex-ministro da Defesa teve responsabilidades dentro do processo deve "ser condenado", salientando que o importante "é que a justiça desenvolva o seu trabalho".

Nos partidos sem representação parlamentar, Maria Cidália Guerreiro, do PCTP/MRPP, disse que "o primeiro-ministro nunca assumiu responsabilidades políticas" no caso, enquanto Pedro Santana Lopes considerou-se "absolutamente esclarecido" sobre o caso de Tancos e Rui Tavares, fundador do Livre, disse que Tancos não é "um tema estratégico para estas eleições legislativas", mas salientou que "é muito importante que o país tenha confiança nas suas instituições".