“Nós entendemos que, mais importante do que saber quem presta o apoio aos doentes, é que esse apoio seja prestado a tempo e horas”, defendeu Assunção Cristas, após uma visita à Clínica da Misericórdia, em Setúbal, onde foi implementado um sistema de consultas para adultos sem médico de família, em janeiro de 2018.
“Viemos conhecer um projeto inovador que tem muito a ver com aquilo que tem sido o pensamento e as propostas do CDS neste programa eleitoral”, referiu a líder do CDS, acrescentando que a consulta de especialidade deve ocorrer dentro do tempo recomendado (três meses) e que, se não puder ser num hospital público, “que seja num setor social ou setor privado à escolha do doente”.
O projeto da clínica de Setúbal foi protocolado entre o Ministério da Saúde, a União das Misericórdias e a Misericórdia de Setúbal, com o objetivo de aliviar os centros de saúde do Vale do Cobro e Praça da República, através de uma média de 100 consultas por dia.
Apesar de ser ligeiramente diferente da proposta do CDS, que se foca mais nas consultas de especialidade, Assunção Cristas realçou como “o setor social pode funcionar em complemento do público”.
“Isto é a prova de que há um caminho diferente que pode ser trilhado em benefício dos utentes. Ouvimos o senhor provedor referir que as pessoas marcam a consulta no centro de saúde, mas antigamente tinham que esperar meses e agora a consulta é dali a dois dias e isso faz toda a diferença”, frisou.
Para a líder do CDS, é fundamental que sejam convocados “todos os setores na área da saúde” para que os cidadãos possam ter acesso aos cuidados com qualidade.
“Sabemos que ainda há cerca de 700 mil portugueses sem médico de família, portanto, o Governo não cumpriu a sua promessa nesta área. Se olharmos para o setor social, conseguimos mais rapidamente esses objetivos”, sublinhou.
Quando questionada sobre o facto de carecerem médicos de família no Serviço Nacional de Saúde, mas não nesta instituição social, Assunção Cristas indicou que “porventura lhes dão boas condições”.
“O setor público também tem que ter condições de atratividade e de boa captação de médicos, mas mais importante que o sistema, para o CDS o importante é a pessoa, o utente”, mencionou.
“O mais relevante é que aconteça em tempo útil e com qualidade de vida para o doente que vê o seu problema resolvido mais cedo, ganha qualidade de vida e também não vai onerar listas de espera e custos adicionais. Muitas vezes o que acontece é que os doentes esperam dois, três e quatro anos e, quando chega a altura ou já não há problema porque entretanto conseguiram resolver por outra via ou então já está muito agravado”, explicou.
O protocolo com a clínica de Setúbal foi assinado em 2017, quando a tutela da Saúde era ministrada por Adalberto Campos Fernandes, estando previsto o alargamento a outras instituições sociais, no entanto, acabou por ser interrompido, o que, na visão de Assunção Cristas, deve-se ao posicionamento “claramente virado à esquerda” da atual ministra da Saúde, Marta Temido.
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