“É um tema que leva à polarização de opiniões, a extremismos e a populismos”, disse Ana Povo, frisando a necessidade de “desligar de populismos”.

“Senão estaremos a pôr em risco a saúde pública”, acrescentou.

Lembrando que a vacinação é um tema que polariza opiniões, deu o exemplo dos números divulgados pela Direção-Geral da Saúde na terça-feira, que indicam que Portugal registou este ano 14 casos confirmados de sarampo, oito dos quais em pessoas não vacinadas, para alertar para a importância da vacinação.

A secretária de Estado falava no encerramento de uma conferência promovida pela Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica (Apifarma), em Lisboa, sobre a vacinação ao longo da vida.

A este respeito, a governante lembrou que o Programa Nacional de Vacinação (PNV) permitiu a cobertura de 95% de vacinação em idade pediátrica e que, nesta última época vacinal, “foi mais um exemplo de sucesso”.

Ainda sobre o PNV, lembrou a introdução da vacina contra o Vírus Sincicial Respiratório (VSR) e disse que permitiu reduzir em 85% os internamentos em bebés até três meses de idade, em 40% até aos seis meses e em 25% até aos dois anos.

Sublinhando que o PNV representa um investimento de 140 milhões de euros/ano, disse que as alterações introduzidas ao programa representaram um acréscimo de 20 milhões de euros.

Na conferência foram abordadas matérias como os desafios e oportunidades para as políticas de saúde pública, no acesso à vacinação e na concretização do PNV, assim como o investimento em prevenção.

Sobre a aposta na vacinação, Sandra Cerdas, consultora da Organização Mundial de Saúde para a Europa e ex-eurodeputada, defendeu a necessidade de um plano europeu de vacinação ao longo da vida e disse que o acesso da população às vacinas (e a qualquer medicamento) não deveria levar mais de um ano desde a aprovação pelas autoridades competentes.

A este respeito, foram divulgados dados que indicam que em Portugal este período de tempo está entre dois e seis anos.

O presidente do Infarmed, presente num dos painéis de debate, lembrou a necessidade da literacia em saúde e, em relação ao tempo que demora um medicamento/vacinas até o utente ter acesso, sublinhou: “não é o mesmo dizer desde que foi aprovado pelas autoridades ou desde que foi submetido o pedido”, referindo-se às diferentes fases do processo.

Disse ainda que, em 2024, a gratuitidade das vacinas integradas no PNV representou um investimento superior a 60 milhões de euros.