Esta quarta-feira, a câmara baixa do congresso norte-americano, de maioria Democrata, votou favoravelmente a impugnação do presidente Donald Trump, acusando-o de abuso de poder e obstrução. Seguindo agora o processo para o Senado, onde os republicanos têm maioria, os democratas vieram exigir garantias sobre a forma como irá decorrer — e Donald Trump não perdeu tempo a reagir às exigências.
A maioria Republicana no Senado significa que Donald Trump dificilmente será destituído da presidência. Isso é um facto conhecido desde o início do processo de impeachment. Mas o que os democratas alegam é que, independentemente da vantagem numérica dos republicanos, as regras não estão a ser cumpridas, estando a ser recusadas testemunhas — o que, na opinião do partido, significa que não vai haver um julgamento justo.
Uma ideia que Donald Trump já veio contestar publicamente, rejeitando qualquer adiamento e exigindo, através de uma publicação na sua conta de Twitter, que o julgamento no Senado avance "imediatamente". Trump acusa os Democratas de não quererem já o julgamento porque o “caso é fraco”, acrescentando que “não têm provas de nada” e que “nunca vão sequer aparecer”. Acusa ainda oposição de não ter conduzido corretamente o processo na câmara baixa do Congresso: “sem advogados, sem testemunhas, sem nada, querem agora dizer ao Senado como fazer o processo”.
Trump reagiu nas redes sociais, acusando os Democratas de não quererem já o julgamento porque o “caso é fraco”. No Twitter, o chefe de Estado norte-americano disse que os Democratas “não têm provas de nada” e que “nunca vão sequer aparecer”. Acusa ainda oposição de não ter conduzido corretamente o processo na câmara baixa do Congresso: “sem advogados, sem testemunhas, sem nada, querem agora dizer ao Senado como fazer o processo”.
O presidente norte-americano diz também que os Democratas não querem os testemunhos de Adam Schiff, que conduziu o processo de impugnação, de Joe e Hunter Biden, e do delator da CIA, a agência americana, que desencadeou o processo. Está instalado um fogo cruzado de acusações e de suspeitas e, segundo a BBC, os Democratas já responderam a Trump, afirmando que são os republicando quem está a recusar a audição de testemunhas. Enquanto o processo decorria na câmara baixa, Trump foi convidado a testemunhar, mas recusou fazê-lo.
O processo está, assim, num impasse. Após a votação de quarta-feira, o próximo passo é transmitir os artigos da destituição para o Senado, a câmara alta do Congresso. Porém, a líder da House, a Democrata Nancy Pelosi, recusa-se a fazê-lo enquanto as regras não forem aceitáveis para o partido.
Os termos do processo serão determinados por Mitch McConnell, o líder Republicano do Senado. Segundo a BBC, os democratas querem que McConnell lhes forneça detalhes sobre que testemunhas e testemunhos serão autorizados. Mas o republicano não negoceia. McConnell diz que este processo é o “mais apressado, menos diligente e mais injusto” da história. Ainda assim, tem os números a seu favor: 53 dos 100 senadores são do Partido Republicano — e a impugnação de Trump precisa de uma maioria de dois terços.
Os Democratas querem que o julgamento seja justo, pedindo que os senadores sejam imparciais. O que não surge como o cenário mais plausível, uma vez que o próprio McConnell já disse que os Republicanos vão agir em “coordenação total” com a equipa de Donald Trump.
Para os Democratas, o atraso pode significar uma mudança favorável na opinião pública, no sentido de uma investigação mais completa — travando uma absolvição rápida de Trump, que é o terceiro presidente dos Estados Unidos a passar por um processo de impugnação. Os dois anteriores não chegaram a ser afastados do cargo.
Donald Trump está a ser acusado de ter travado apoio militar no valor de mais de 300 milhões de euros à Ucrânia e uma reunião com o novo presidente ucraniano até que o país no leste-europeu investigasse eventuais dados comprometedores sobre Hunter Biden, que trabalhou para uma empresa ucraniana enquanto o pai, Joe, era vice-presidente dos Estados Unidos.
Comentários