O anúncio do veredicto ocorre a dois dias das eleições presidenciais da Argélia rejeitadas pela rua, que critica os candidatos em disputa, todos direta ou indiretamente ligados ao poder do ex-presidente Abdelaziz Bouteflika.
Ouyahia e Sellal, antigos responsáveis da era do presidente Bouteflika, obrigado à demissão sob a pressão da rua em abril, foram julgados com outros ex-altos dirigentes políticos e grandes empresários.
Abdeslam Bouchouareb, antigo ministro da Indústria, que fugiu para o estrangeiro, foi condenado à revelia a 20 anos de prisão, segundo a APS.
Dois outros ex-ministros da Indústria, Mahdjoub Bedda e Youcef Yousfi, receberam a pena de 10 anos de prisão e a ex-governadora Nouria Yamina Zerhouni cinco anos.
O antigo presidente da principal organização patronal do país, que presidia também ao maior grupo privado da Argélia, Ali Haddad, foi condenado a sete anos de prisão.
Três outros empresários, Ahmed Mazouz, Hassen Arbaoui e Mohamed Bairi, receberam penas de sete, seis e três anos de prisão, respetivamente.
Abdelghani Zaalane, antigo ministro dos Transportes e ex-diretor de campanha de Bouteflika para as presidenciais de abril de 2019, que foram anuladas, foi absolvido.
O juiz disse ainda que os bens do conjunto dos funcionários e os das suas famílias foram confiscados.
Os réus foram julgados na última semana por favorecimento na indústria automóvel, através de parcerias entre marcas estrangeiras e grandes grupos argelinos, propriedade de empresários ligados à administração do presidente deposto.
Foi a primeira vez desde a independência da Argélia em 1962 que foram julgados dirigentes deste nível e esta foi a condenação por corrupção mais destacada desde o início do movimento de protesto antigovernamental em fevereiro.
De modo invulgar, o julgamento foi transmitido por televisão, tentando as autoridades mostrar que levam a sério as preocupações dos manifestantes sobre a corrupção.
O anúncio das penas atribuídas a Ouyahia e Sellal — que foram ainda condenados a uma multa de 16.000 e 8.000 dólares (14,4 e 7,2 mil euros) respetivamente — foi recebido com vivas por parte de uma multidão de ativistas pró-democracia que se concentrou junto ao tribunal.
Alguns dos manifestantes gritaram “gangue de bandidos” e agitaram bandeiras da Argélia sob o olhar da polícia que cercava o tribunal.
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