António Costa anunciou, no final do Conselho de Ministros, o levantamento, para outubro, de algumas das restrições em vigor no âmbito da terceira fase do desconfinamento, tendo em conta a evolução da epidemia de covid-19, suscitando acusações de eleitoralismo ou taticismo por parte do PSD e do CDS-PP.
Para o líder do PSD, Rui Rio, que está em Ponta Delgada, a utilização de "medidas do Governo para beneficiar o PS" eleitoralmente, frisando que "cada um joga com as armas que tem, em função dos seus parâmetros éticos".
"O Governo e o PS acreditam que, aliviando as medidas [covid-19] quase na totalidade, ainda que não entrem já em vigor, isso lhes traz vantagem. Não me parece bem usar medidas do Governo para beneficiar o PS em sede eleitoral. Mas cada um joga com as armas que tem em função dos seus parâmetros éticos", disse Rui Rio.
A coordenadora do BE, Catarina Martins, considerou que "fazer das questões da pandemia um braço de ferro eleitoral é um absoluto erro" enquanto o líder do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos, acusou o Governo de "guardar este rebuçadozinho para dar aos portugueses, fazendo-se de pai natal antecipado para com isso eleitoralmente ter alguns ganhos".
Recusando "fazer juízos de valor apressados", o secretário-geral do PCP não deixou de deixar críticas ao Governo, desta vez na sequência das declarações do secretário de Estado da Internacionalização, Eurico Brilhante. , que considerou que a forma como país lidou com a pandemia favoreceu a sua imagem nos mercados internacionais.
"Dizer que Portugal é uma marca, tendo em conta a covid-19, é no mínimo descuidado", sustentou Jerónimo de Sousa, em Montemor-o-Novo, acrescentando que "uma marca onde houve tanto doente e tanto morto nunca é uma boa marca".
O secretário de Estado da Internacionalização, Eurico Brilhante, disse hoje, durante o salão de vestuário e têxtil Première Visio, em Paris, que o interesse por Portugal nos mercados internacionais continuou em tempos de covid-19 e a forma como país lidou com a pandemia favoreceu a imagem do país.
Questionado pelos jornalistas sobre o desempenho da marca 'Made in Portugal', o governante afirmou: "Vou dizer uma coisa que talvez não seja politicamente correta. Nós ganhámos com a covid-19. E ganhámos porquê? Porque Portugal foi um país que, tendo as suas dificuldades, enfrentou a covid-19 com bastante êxito".
Jerónimo de Sousa foi o primeiro a criticar as declarações do governante, mas não foi o único e já ao final do dia o líder dos sociais-democratas considerou que o comentário de Brilhante Dias revelava que "à medida que a campanha avança e chega ao fim", os socialistas começam a não ter "muito para dizer e "a inventar", pelo que "já começa a reinar o absurdo".
"Ouvi o secretário de Estado Eurico Brilhante Dias, em dia que me parece não brilhante para ele, dizer que pandemia [de covid-19] até acabou por ser boa para a marca Portugal. Isto até toca o ridículo", observou Rui Rio no concelho do Nordeste, ilha de São Miguel, Açores.
Também o presidente do CDS-PP comentou o caso, quando ironizou que o governante deve ter vivido "noutro planeta" nos últimos dois anos, defendendo que a pandemia de covid-19 "foi uma desgraça que se abateu" em Portugal e, à esquerda, a coordenadora bloquista, Catarina Martins, considerou a frase “profundamente infeliz".
No final de uma arruada pela Rua Morais Soares, em Lisboa, Catarina Martins sublinhou que, apesar da satisfação de ser possível avançar agora no desconfinamento, isso não pode "fazer esquecer o enorme sofrimento do país, das vítimas de covid, do que sofreu tanta gente, das vidas que se perderam, das famílias que sofreram, dos profissionais de saúde verdadeiramente exaustos".
A resposta do primeiro-ministro, António Costa, só chegou ao final do dia, quando o também secretário-geral do PS já se encontrava em Ponta Delgada em campanha. Tentando desvalorizar o tema, o líder dos socialistas realçou que a maneira como Portugal controlou a pandemia “não é um cartaz turístico”.
“O secretário de Estado estava a fazer uma intervenção em que explicava que, relativamente a esta situação, Portugal, indiscutivelmente e isso é claro, provou bem [a sua capacidade] no contexto internacional. Agora, não é um cartaz turístico”, disse António Costa, questionado pelas declarações de Eurico Brilhante.
Fora desse debate e de olhos já postos na noite de domingo, a porta-voz do PAN, Inês de Sousa Real, que passou o dia no Algarve, sublinhou que o partido quer eleger os primeiros vereadores nestas autárquicas, fruto do bom trabalho dos atuais representantes eleitos.
Quem também esteve pelo Algarve foi o presidente da Iniciativa Liberal, João Cotrim de Figueiredo, que acusou o Governo de não cumprir as promessas de desenvolvimento da ferrovia. Um pouco mais a norte, o presidente do Chega, André Ventura, continuou a campanha em Moura e termina o dia com um jantar/comício em Setúbal.
As eleições autárquicas disputam-se no domingo, 26 de setembro, e o período de campanha oficial termina na sexta-feira.
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