O Movimento Brasil Livre (MBL) e Vem Para Rua, que apoiaram Jair Bolsonaro na sua chegada ao poder, em janeiro de 2019, reivindicam agora que o atual Presidente seja submetido a um processo de ‘impeachment’.
Segundo descreve a agência espanhola Efe, cerca de 50 automóveis percorreram as várias ruas da maior cidade do Brasil, passando por locais emblemáticos como a Avenida Paulista e o Parque de Ibirapuera, antes de se concentrarem em frente ao estádio de Pacaembú.
Estes dois movimentos lideraram os protestos de rua que, há cinco anos, exigiram a destituição da anterior Presidente, Dilma Rousseff, que o Congresso afastou em 2016.
Recorrendo às buzinas dos carros e a cartazes com mensagens contra o Presidente e líder da ultradireita e o seu ministro da Saúde, o general Eduardo Pazuello, e exigindo medidas mais eficazes para combater a pandemia, nomeadamente a aceleração da campanha de vacinação.
Numa fotografia publicada no jornal Folha de São Paulo pode ler-se, pintada no capô de um carro, a frase “Quadrilheiro, corrupto, vagabundo. Impeachment Fora Bozo”.
Com 210 milhões de habitantes, o Brasil é um dos epicentros globais da pandemia, sendo o segundo país com registo de mais mortos, 216 mil, e o terceiro com mais contágios, 8,8 milhões de casos, desde que o novo coronavírus foi descoberto, numa cidade chinesa, em dezembro do ano passado.
Apesar dos números, Bolsonaro continua a ser um dos governantes do mundo mais negacionistas face à gravidade da pandemia, que chegou a qualificar como “uma gripezita”, rejeita medidas de distanciamento social e o uso de máscara e insiste que a eficácia das vacinas não está cientificamente comprovada.
“Esta é a hora de mostrar nosso repúdio pela maior fraude eleitoral da história do Brasil”, apontou o MBL, na convocatória para a caravana.
O protesto dos grupos de direita — no qual participaram os deputados Alexandre Frota e Kim Kataguiri, arrependidos de terem apoiado Bolsonaro — acontece um dia depois de partidos da esquerda, sindicatos e movimentos sociais terem formado longas caravanas em pelo menos 50 cidades do Brasil, para exigirem o mesmo: que o Congresso dê início ao processo de destituição do Presidente.
Milhares de pessoas e centenas de veículos deram expressão às caravanas
Direita e esquerda estão unidas no pedido ao Congresso (câmara alta do Parlamento) para que aprove uma das 57 petições (cinco outras já foram rejeitadas) para desencadear o processo de destituição de Bolsonaro, apresentadas na Câmara dos Deputados (câmara baixa do Parlamento) e que denunciam o negacionismo do Presidente brasileiro face à gravidade da pandemia de covid-19.
A pressão para o afastamento de Bolsonaro aumentou nos últimos dias, após o instituto de pesquisa Datafolha ter divulgado uma sondagem em que 42 por cento dos inquiridos defendem o processo de destituição, ainda que 53 por cento o rejeite.
Na mesma sondagem, a avaliação negativa do Presidente subiu para os 40 por cento e a avaliação positiva caiu 32 por cento.
O atual presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, concorda que Bolsonaro merece ser julgado pela gestão da pandemia, mas considera que abrir um processo de destituição nesta altura seria contraproducente, porque agravaria a atual crise. Porém, a decisão caberá ao próximo presidente da Câmara dos Deputados, que será eleito na primeira semana de fevereiro.
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