José Ornelas, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), reconheceu na segunda-feira, na abertura da Assembleia Plenária do episcopado, que os casos de abuso sexuais de menores ocorridos no seio da Igreja têm constituído “um percurso doloroso para todos”.
O também bispo de Leiria-Fátima pediu a “todo o clero e fiéis que se unam à eucaristia” da próxima quinta-feira, que marcará o final da reunião plenária do episcopado e que está marcada para as 11:00, na Basílica da Santíssima Trindade.
Na Oração Universal para essa eucaristia, que a CEP divulgou hoje, são lembradas as “pessoas que foram vítimas de qualquer espécie de abusos, para que encontrem em Cristo ressuscitado a cura das suas feridas e a coragem para uma vida nova”, bem como os “familiares e amigos que acompanham as vítimas de abusos, para que sejam uma presença de conforto e de ambiente seguro, e ajudem na recuperação da dignidade humana”.
A Assembleia Plenária da CEP, que está a decorrer em Fátima, tem na ordem de trabalhos a aprovação da constituição de um Grupo de Acompanhamento das vítimas, que será liderado pela psicóloga Rute Agulhas, e que dará continuidade, em certa medida, ao trabalho efetuado pela Comissão Independente para o Estudos dos Abusos Sexuais contra as Crianças na Igreja Católica Portuguesa, que apresentou o seu relatório final em 13 de fevereiro.
Ao longo de quase um ano, a Comissão Independente liderada pelo pedopsiquiatra Pedro Strecht, validou 512 dos 564 testemunhos recebidos, apontando, por extrapolação, para um número mínimo de vítimas da ordem das 4.815.
Vinte e cinco casos foram reportados ao Ministério Público, que abriu 15 inquéritos, dos quais nove foram já arquivados, permanecendo seis em investigação.
Estes testemunhos referem-se a casos ocorridos entre 1950 e 2022, período abrangido pelo trabalho da comissão.
Na sequência destes resultados, algumas dioceses afastaram cautelarmente do ministério alguns padres.
Na abertura dos trabalhos da Assembleia Plenária do episcopado, José Ornelas afirmou que “para acolher e acompanhar de perto as vítimas de abusos ocorridos em ambientes da Igreja, encontra-se em fase de organização, em ordem à sua aprovação e entrada em vigor, um Grupo de Acompanhamento”, que “deverá ter a autonomia necessária para acolher e acompanhar as vítimas e para assegurar o necessário apoio e a possível recuperação dos danos por estas sofridos, dispondo de uma linha de atendimento e de condições para o contacto e acompanhamento pessoal”.
“Estará também articulado com a Equipa de Coordenação Nacional e as Comissões Diocesanas, de modo a garantir a sua real operacionalidade, que implica necessariamente cada Diocese e a Igreja em Portugal no seu conjunto”, acrescentou.
Até quinta-feira, os bispos votarão a constituição e o projeto do novo organismo, “que deverá estar a funcionar nas próximas semanas”, acrescentou José Ornelas.
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