Em conferência de imprensa, António Lacerda Sales, secretário de estado da Saúde, referiu que há "uma taxa de letalidade global de 2,7%, uma taxa de letalidade acima dos 70 anos de 10,5%".
Relativamente aos doentes, 86,6% estão no domicílio, 9,4% estão internados e em Unidade de Cuidados Intensivos 2,3%.
"Nesta fase decisiva da nossa luta coletiva contra o vírus, importa salientar que Portugal continua a aumentar o número de testes efetuados. Desde o dia 1 de março foram realizados cerca de 110 mil testes de diagnóstico", frisou. "A nossa capacidade instalada para o diagnóstico é de 11 mil testes por dia, 7 mil no público, 4 mil no privado. A esta capacidade acrescem testes realizados nas instituições de investigação nas diversas universidades do país, cuja disponibilidade muito agradecemos", apontou Lacerda Sales.
Do total de testes, 54% foram realizados em laboratórios públicos e 46% nos privados.
Relativamente ao material, o secretário de estado referiu que "estamos numa fase em que há alguma garantia de estabilidade nas compras e na previsão de entregas de encomendas. Durante esta semana chegam a Portugal 500 ventiladores e, na próxima semana, depois da Páscoa, mais 500".
Até ao momento, fruto de doações, já foram entregues 144 ventiladores a hospitais de todo o país, de acordo com as necessidades. "Este equipamento é crucial numa altura em que aumenta o número de doentes em Unidade de Cuidados Intensivos", apontou. Estamos a fazer todos os esforços no sentido de estarmos bem preparados para esta fase".
"Esta pandemia tem-nos ensinado muito sobre a importância da comunidade num momento em que estamos mais isolados. Todos temos recebido notícias de entreajuda entre os nossos cidadãos que são sinais de esperança. Também eles estão neste combate".
Neste sentido, António Lacerda Sales falou sobre a questão do voluntariado, começando por dizer que "os mais idosos são quem mais precisa do nosso apoio".
"Qualquer pessoa se pode voluntariar para ajudar nos lares e instituições de idosos do país, graças à iniciativa do Governo 'Cuida de Todos', coordenada pelo Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social. Todos temos a obrigação de cuidar de todos e a melhor forma é manter a contenção social", afirmou.
A alimentação em tempos de pandemia
Para falar sobre a questão da alimentação nesta crise de saúde pública, esteve também presente na conferência Alexandra Bento, Bastonária da Ordem dos Nutricionistas.
"Em Portugal têm sido desenvolvidas muitas medidas para combater a progressão desta pandemia, muitas destas medidas são informativas", disse, acrescentando que, no meio da crise, "também se adensa a desinformação", como por exemplo "soluções milagrosas para o fortalecimento do sistema imunitário".
"Não existem nem superalimentos nem suplementos capazes de prevenir ou até mesmo combater a Covid-19 através do fortalecimento do sistema imunitário", começou por explicar. "A verdade é que a alimentação equilibrada é fundamental para assegurar o adequado funcionamento do sistema imunitário, mas deixem que vos diga: o sistema imunitário agradece que fiquem em casa e que comam saudavelmente".
Neste sentido, a DGS publicou recentemente um guia dedicado à alimentação em tempos de Covid-19.
Alexandra Bento deixou ainda vários alertas. "Compre apenas o que precisa, tenha um comportamento moral e não açambarque alimentos. Não haverá falta de alimentos, a cadeia de abastecimento de produtos alimentares está a funcionar", frisou.
No que diz respeito à dieta a ser seguida, a Bastonária referiu que "devemos privilegiar alimentos frescos, em detrimento de alimentos com muito sal, muita gordura ou muito açúcar. Os hortícolas e as frutas frescas, crus ou cozinhados, devem constituir a base das refeições diárias", principalmente no que diz respeito a produtos da época, locais, e que tenham maior durabilidade.
Apesar de não haver evidência que prove que os alimentos são um veículo de propagação do novo coronavírus, foi referido que é necessário "reforçar as boas práticas de higiene e de segurança alimentar".
A Bastonária dos Nutricionistas referiu ainda que a Ordem se disponibilizou para criar uma bolsa de especialistas para auxiliarem os lares, dada a situação de risco dos idosos.
Os testes chegam "onde de facto eles são necessários"
Graça Freiras, diretora-geral da Saúde, respondeu, no final da conferência, a perguntas dos jornalistas. Questionada sobre a disponibilidade de máscaras no país, a um preço justo, referiu que "estamos alinhados, à data, com a OMS".
"O que estamos a fazer neste momento é uma análise dos pareceres, da evidência (prova) científica. Teremos que aguardar mais uns dias para podermos responder a isso", disse Graça Freitas após ter sido questionada sobre o uso generalizado de máscaras.
A diretora-geral da Saúde sublinhou que foi pedido um parecer em relação ao uso das máscaras na prevenção da Covid-19, mas que a DGS continua alinhada com a OMS, bem como com o Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças.
Graça Freitas avançou ainda que, esta semana, quer a OMS quer o Centro Europeu deverão emitir novas orientações.
No domingo, em entrevista à RTP, a ministra da Saúde anunciou que a Direção-geral da Saúde pediu um parecer sobre o uso generalizado de máscaras para evitar a propagação da Covid-19, tendo sido aconselhada a equacionar a medida.
No que diz respeito à mortalidade, Graça Freitas afirmou que estão a acompanhar a situação, garantindo ainda que os profissionais de saúde não estão todos dedicados à Covid-19, de forma a manter os cuidados a pessoas com doenças crónicas e a situações de urgência.
A diretora-geral da Saúde, questionada pelo SAPO24 sobre assimetrias regionais no acesso a testes considerou que estes estão a chegar onde são mais necessários.
"Se há assimetrias regionais [no acesso a testes], essas assimetrias têm a ver com o mapa de distribuição da doença neste momento. Nós não temos a doença uniformemente distribuída em todo o país. Temos zonas do país afetada do que outra e zonas não afetadas", notou.
Assim, "estão a chegar testes onde de facto eles são necessários", apesar de reconhecer "constrangimentos que todos nós conhecemos — ou das zaragatoas, ou dos métodos de extração. Mas vão chegando onde são necessários", reiterou.
Durante a conferência de imprensa, a Diretora Geral de Saúde explicou que "a principal preocupação em Portugal é testar pessoas que manifestem qualquer tipo de sintomas, mesmo que esses sintomas sejas muito inespecíficos ou muito ligeiros".
"O que nos chama a atenção para [a possibilidade de existir] infeção é haver pessoas com sintomas de covid-19 e essas pessoas são todas testadas. Em contextos especiais como nos lares testar é alargado [os testes de diganóstico] aos profissionais e outros utentes quer tenham ou não sintomas. E também às vezes fazemos isso aos contactos próximos de um caso [confirmado de infeção], explicou.
Questionada pelo SAPO24 se pessoas infetadas e entretanto curadas podem ou não ficar doentes uma segunda vez com covid-19 — e se nesses casos se justifica um segundo teste, Graça Freitas respondeu que "isso aconteceu, como sabem, em muito poucas situações que foram relatadas sobretudo na Ásia".
"Nós temos de ir acompanhando e ir fazendo testes em populações que são estudadas especificamente para essa matéria [a imunidade], para aumentar o nosso conhecimento sobre a doença. Por rotina não estamos a fazer [novos teste para verificar se alguém curado voltou a ficar infetado], a menos que exista evidência científica de que é preciso voltar a testar as pessoas", disse.
A Covid-19
Portugal regista hoje 311 mortes associadas à covid-19, mais 16 do que no domingo, e 11.730 infetados (mais 452), segundo o boletim epidemiológico divulgado pela Direção-Geral da Saúde (DGS).
O relatório da situação epidemiológica, com dados atualizados até às 24:00 de domingo, indica que a região Norte é a que regista o maior número de mortes (168), seguida da região Centro (76), da região de Lisboa e Vale do Tejo (60) e do Algarve, com sete mortos.
Relativamente a domingo, em que se registavam 295 mortes, hoje observou-se um aumento de 5,4% (mais 16).
De acordo com os dados da DGS, há 11.730 casos confirmados, mais 452, o que representa um aumento de 4% face a domingo.
Os primeiros casos confirmados em Portugal foram registados no dia 02 de março de 2020.
A 17 de março, o Governo declarou o estado de calamidade pública no concelho de Ovar, que a partir do dia seguinte ficou sujeito a cerco sanitário com controlo de fronteiras e suspensão de toda a atividade empresarial não afeta a bens de primeira necessidade. A medida foi, entretanto, prolongada até 17 de abril.
O país está desde as 00:00 de 19 de março em estado de emergência, prolongado igualmente até às 23:59 do dia 17 de abril.
A medida proíbe toda a população de circular fora do seu concelho de residência entre 9 e 13 de abril, para desincentivar viagens no período da Páscoa.
Detetado em dezembro de 2019, na China, o novo coronavírus já ultrapassou um milhão e 200 mil casos infetados em todo o mundo, dos quais morreram mais de 69 mil.
Dos casos de infeção, pelo menos 262 mil são considerados curados.
A Covid-19, causada pelo novo coronavírus SARS-CoV-2, é uma infeção respiratória aguda que pode desencadear uma pneumonia.
A maioria das pessoas infetadas apresentam sintomas de infeção respiratória aguda ligeiros a moderados, sendo eles febre (com temperaturas superiores a 37,5ºC), tosse e dificuldade respiratória (falta de ar).
Em casos mais graves pode causar pneumonia grave com insuficiência respiratória aguda, falência renal e de outros órgãos, e eventual morte. Contudo, a maioria dos casos recupera sem sequelas. A doença pode durar até cinco semanas.
Considera-se atualmente uma pessoa curada quando apresentar dois testes diagnósticos consecutivos negativos. Os testes são realizados com intervalos de 2 a 4 dias, até haver resultados negativos. A duração depende de cada doente, do seu sistema imunitário e de haver ou não doenças crónicas associadas, que alteram o nível de risco.
A covid-19 transmite-se por contacto próximo com pessoas infetadas pelo vírus, ou superfícies e objetos contaminados.
Quando tossimos ou espirramos libertamos gotículas pelo nariz ou boca que podem atingir diretamente a boca, nariz e olhos de quem estiver próximo. Estas gotículas podem depositar-se nos objetos ou superfícies que rodeiam a pessoa infetada. Por sua vez, outras pessoas podem infetar-se ao tocar nestes objetos ou superfícies e depois tocar nos olhos, nariz ou boca com as mãos.
Estima-se que o período de incubação da doença (tempo decorrido desde a exposição ao vírus até ao aparecimento de sintomas) seja entre 2 e 14 dias. A transmissão por pessoas assintomáticas (sem sintomas) ainda está a ser investigada.
Vários laboratórios no mundo procuram atualmente uma vacina ou tratamento para a covid-19, sendo que atualmente o tratamento para a infeção é dirigido aos sinais e sintomas que os doentes apresentam.
Onde posso consultar informação oficial?
A DGS criou para o efeito vários sites onde concentra toda a informação atualizada e onde pode acompanhar a evolução da infeção em Portugal e no mundo. Pode ainda consultar as medidas de segurança recomendadas e esclarecer dúvidas sobre a doença.
- https://covid19.min-saude.pt
- https://covid19.min-saude.pt/ponto-de-situacao-atual-em-portugal
- https://www.dgs.pt/em-destaque.aspx
Quem suspeitar estar infetado ou tiver sintomas em Portugal - que incluem febre, dores no corpo e cansaço - deve contactar a linha SNS24 através do número 808 24 24 24 para ser direcionado pelos profissionais de saúde. Não se dirija aos serviços de urgência, pede a Direção-Geral de Saúde.
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