“Para mim, foi o meu hotel de duas estrelas. Gosto assim, até sofro da coluna”, afirmou à agência Lusa um peregrino de 72 anos, de Lisboa, que se encontrava abrigado da chuva no átrio da Basílica Santíssima Trindade.
O peregrino dormiu ao lado de Ana Cristina, de 51 anos, da Marinha Grande, que lhe emprestou uma esteira, para que a dormida ao relento tivesse algum conforto.
Em novembro, Ana Cristina ainda contactou uma pensão em Fátima para garantir uma dormida para a peregrinação do papa Francisco, mas sem sucesso.
Decidiu, por isso, munir-se do equipamento básico para dormir duas noites no santuário.
“Dormi muito bem e espero fazer a experiência de novo”, contou, destacando que quando acordou viu as telas dos futuros santos na fachada da Basílica de Nossa Senhora do Rosário, expressando alegria.
Neste átrio dormiram na última noite cerca de 40 pessoas, garantiu Rubina Neves, de 31 anos, grávida, que acabava de levantar-se.
A jovem integrava um grupo de quatro mulheres de Almada, que ali também jantaram e tomaram o pequeno-almoço.
“Não senti frio”, declarou, enquanto a mãe, Helena Neves, de 53 anos, destacou a “noite tranquila” naquele espaço, onde já o ano passado tinha ficado.
Ao mesmo átrio chegou, pouco depois, um grupo de oito jovens, entre os 18 e 21 anos, de Lisboa.
“Vamos dormir aqui. Somo católicos, é o papa Francisco, é o Centenário das Aparições, é a canonização de Francisco e Jacinta”, declarou Margarida Rego, de 21 anos.
Há 15 dias o grupo, das Equipas Jovens de Nossa Senhora, fez uma peregrinação a pé entre Pernes, concelho de Santarém, e Fátima.
“É uma sorte Nossa Senhora ter aparecido em Portugal”, declarou Margarida Rego.
Paula Pinto, de 44 anos, também de Lisboa, afirmou que ficar junto à Basílica da Santíssima Trindade não foi “propriamente promessa”, mas já “não havia lugar”, pelo que optou por ficar no santuário.
“Porque é que não se aguenta? É por uma boa causa, para agradecer, por fé”, salientou a peregrina.
No santuário, já ornamentado com flores brancas e amarelas, as cores do Vaticano, dezenas de pessoas concentravam-se em torno de corredor por onde vai passar o papa Francisco, assim como na Capelinha das Aparições e na zona de deposição de velas.
Pela cidade de Fátima era também visível às primeiras horas da manhã dezenas de peregrinos a dormir em carros, enquanto outros acampavam nos terrenos livres que encontraram.
O papa Francisco chega hoje à tarde a Portugal para uma visita apostólica ao Santuário de Fátima, no âmbito do Centenário das Aparições, e durante a qual canonizará os pastorinhos Jacinta e Francisco Marto.
O avião que transporta Francisco de Roma deve aterrar na Base Aérea de Monte Real às 16:20, onde terá a aguardá-lo o Presidente da República, o primeiro-ministro, e o presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, além do Núncio Apostólico, Rino Passigato, do presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, Manuel Clemente, e do bispo da Diocese de Leiria, António Marto.
Francisco é o quatro papa a visitar Portugal, depois de Paulo VI (1967), João Paulo II (1982, 1991 e 2000) e Bento XVI (2010).
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