“Era um sonho antigo, o qual consegui concretizar dez anos depois de entrar para a Marinha Portuguesa”, contou à reportagem da Lusa a oficial tenente Cátia Pacheco, a bordo da lancha Orion, ao largo da costa do Algarve.
O comando do navio da classe Centauro, com 27 metros de comprimento, foi-lhe confiado em 2016, tornando-se numa das oito comandantes de navios atualmente ao serviço da Armada Portuguesa.
“É uma grande honra e sinto-me feliz por ter conseguido esta função aliciante, um objetivo de qualquer oficial da Marinha, o de um dia comandar um navio”, sublinhou.
Para Cátia Pacheco, que tem sob o seu comando uma guarnição de sete homens, “a vida de uma mulher na Marinha é normal e igual a outro qualquer trabalho, com as dificuldades normais do dia-a-dia, embora se sinta mais a ausência prolongada de casa”.
“Esta missão faz-nos passar longos tempos fora de casa, mas sucede o mesmo noutros empregos, nomeadamente naqueles que são feitos por turnos”, referiu a tenente, acrescentando que “os problemas vão-se resolvendo com o auxílio da guarnição”.
Cátia Pacheco ingressou na Marinha em 2006 e nunca sentiu qualquer discriminação, motivada pela diferença de sexo, naquele ramo das forças armadas portuguesas, onde predomina o sexo masculino.
“Foi um ingresso pacífico e fui muito bem aceite, até porque já existiam mulheres na Marinha, uma prática comum há 25 anos, desde 1992”, destacou.
O facto de ser a única mulher a bordo da embarcação sob o seu comando “não é difícil e até agora tem sido normalíssimo trabalhar e conviver com os homens”.
Cátia Pacheco mantém a expetativa de continuar embarcada em unidades navais depois de terminar a missão de comando da lancha Orion em 2018, ficando o futuro entregue à decisão da Marinha.
Além disso, a tenente Cátia Pacheco mantém também o sonho de qualquer mulher: “Casar, ter filhos e, ao mesmo tempo, conciliar a vida familiar com a Marinha”.
De acordo com o segundo comandante da Zona Marítima do Sul, Cardoso de Morais, lidar com o sexo feminino “é já uma prática enraizada na forma de estar dos militares da Marinha, não existindo qualquer preconceito ou discriminação”.
Na opinião de Cardoso de Morais, a integração das mulheres tem sido feita de forma normal e sem problemas, reconhecendo, no entanto, que “ao início poderá ter existido algum entrave, situação que está ultrapassada nos dias de hoje”.
“Não há nenhum problema hoje em dia. O trabalho das mulheres é bem visto, tem sido muito produtivo e profissional”, destacou.
De acordo com os dados avançados por Cardoso de Morais, a Marinha tem atualmente 816 mulheres, representando cerca de 10% do efetivo, sendo 40% por cento de praças, 35% oficiais e 25% de sargentos.
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