“O movimento talibã controla hoje praticamente todo o território do país, incluindo a capital [Cabul]. Essa é a realidade. É precisamente esta realidade que devemos tomar como ponto de partida, sem permitir, sem qualquer dúvida, a desintegração do Estado afegão”, declarou o líder russo, numa conferência de imprensa conjunta com a chanceler alemã, Angela Merkel, que hoje se deslocou a Moscovo.
Ainda sobre o Afeganistão, Putin apontou críticas ao Ocidente por querer impor valores democráticos a outros países e por ignorar as tradições dos povos, uma política que classificou como “irresponsável”, uma vez que pretendeu impor “valores estrangeiros” aos afegãos.
“Já vimos o que aconteceu no período conhecido como a ‘Primavera Árabe’, agora no Afeganistão. Todos os nossos parceiros devem assumir esta regra universal: tratem os vossos parceiros com respeito e sejam pacientes, gostem ou não de alguma coisa. Dar às pessoas o direito de decidir por elas próprias o seu destino, independentemente do tempo que demorem a percorrer o caminho da democratização”, frisou o líder russo.
O chefe de Estado russo apelou aos Estados Unidos da América (EUA) e à União Europeia (UE) para que “unam esforços” com a Rússia para normalizar a situação no Afeganistão, incluindo ao nível da ajuda humanitária.
Ao lado de Putin, a chanceler alemã reconheceu que será necessário dialogar com o movimento talibã para salvar vidas no Afeganistão.
“Agora teremos de dialogar com os talibãs (…) e tentar salvar aqueles cujas vidas estão ameaçadas para que possam deixar o país”, declarou a chanceler alemã.
“Os talibãs receberam mais apoio do que gostaríamos”, admitiu Merkel, insistindo que a prioridade de Berlim é ajudar aqueles que cooperaram com a Alemanha durante os 20 anos da operação militar da NATO no Afeganistão.
Após uma ofensiva relâmpago, os talibãs tomaram Cabul no domingo passado, o que assinalou o seu regresso ao poder no Afeganistão, 20 anos depois de terem sido expulsos pelas forças militares estrangeiras (EUA e NATO).
Foi o culminar de uma ofensiva que ganhou intensidade a partir de maio, quando começou a retirada das forças militares norte-americanas e dos seus aliados da NATO, incluindo Portugal.
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