
Agora, à medida que jovens agricultores tentam devolver vida à região outrora conhecida pela sua fruta deliciosa, as autoridades debatem-se com a questão do que fazer com a enorme quantidade de solo removido — o suficiente para encher mais de 10 estádios de basebol.
Porque foi removido o solo?
A 11 de março de 2011, o mais forte sismo registado no Japão provocou um enorme tsunami que atingiu a central nuclear de Fukushima Daiichi, causando um colapso devastador.
Como parte de um vasto esforço de descontaminação, foi recolhida a camada superficial de solo, e edifícios e estradas foram lavados com jatos de água de alta pressão.
Quase todas as zonas da província foram, desde então, consideradas seguras, mas muitos dos evacuados hesitam em regressar — ou já se estabeleceram definitivamente noutras zonas — devido ao receio persistente da radiação.
Fukushima tem, no entanto, acolhido novos residentes como Takuya Haraguchi, um jovem agricultor de kiwis de 25 anos.
“Quero que as pessoas se interessem e aprendam como é verdadeiramente Fukushima hoje em dia”, disse à AFP.
Onde está armazenado o solo?
Uma quantidade gigantesca de solo — cerca de 14 milhões de metros cúbicos — está a ser armazenada em instalações provisórias perto da central de Fukushima Daiichi.
O governo prometeu aos residentes da região de Fukushima que encontrará uma solução definitiva para a sua deposição noutra parte do país até 2045.
Por enquanto, os grandes montes de terra estão guardados em terrenos vigiados, protegidos por camadas de solo limpo e por uma manta impermeável para evitar que haja escoamento para o ambiente.
O que pretende o Japão fazer com o solo?
O governo quer reutilizar o solo em projetos de construção, como aterros para estradas e linhas ferroviárias, entre outros.
Prometeu fazê-lo fora da província de Fukushima, para não sobrecarregar ainda mais uma região cujo fornecimento elétrico servia, na verdade, Tóquio e zonas urbanas vizinhas, e não os seus próprios habitantes.
Até agora, poucas regiões se mostraram dispostas a aceitar o solo, e alguns responsáveis locais sugerem que, na prática, parte dele poderá ter de continuar em Fukushima.
O gabinete do primeiro-ministro anunciou recentemente que irá reciclar simbolicamente alguma dessa terra para demonstrar que é segura — havendo relatos de que será usada em canteiros de flores.
Quão seguro é o solo?
Cerca de 75% do solo armazenado tem um nível de radioatividade equivalente ou inferior ao de uma radiografia por ano, para quem está diretamente exposto, segundo o Ministério do Ambiente.
Para selar a radioatividade, devem ser usadas camadas de asfalto, solo agrícola ou outros materiais, afirmou Akira Asakawa, responsável pelo projeto do solo de Fukushima no ministério.
Em testes, o governo construiu estradas e campos usando esse solo como material de enchimento.
Segundo Asakawa, não se registaram níveis elevados de radioatividade nesses locais, nem houve escoamento de materiais radioativos para áreas vizinhas.
Que oposição tem havido?
Em 2022, as comunidades locais reagiram com indignação aos planos do governo nacional de transportar solo de Fukushima para um parque popular em Tóquio e outras zonas próximas da capital.
Esse plano não avançou, e ainda não foram assegurados outros locais, apesar da simpatia pública para com a população de Fukushima.
O Ministério do Ambiente afirma que, a partir deste ano, irá intensificar os esforços para explicar ao público a segurança do seu plano.
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