
Pedro Nuno Santos aponta "momento de tremenda anormalidade" e critica proteção civil
O líder socialista considerou que Portugal viveu hoje "um momento de tremenda anormalidade" com o apagão no fornecimento de eletricidade e criticou a resposta da Proteção Civil.
"A gestão de comunicação numa qualquer crise nunca é fácil, mas hoje exigia-se mais informação e celeridade por parte da Proteção Civil", escreveu Pedro Nuno Santos numa publicação na rede social X, já depois de o fornecimento de energia elétrica ter começado a regressar à normalidade.
O secretário-geral do PS deixou, contudo, "uma palavra de solidariedade e agradecimento para todos os profissionais de saúde, de segurança e emergência que foram fundamentais no apoio às populações".
"Num instante, aquilo que tomamos como garantido desapareceu, e o nosso quotidiano sofreu uma profunda alteração. De repente, o que era simples tornou-se difícil; o que era rotineiro tornou-se um desafio", escreveu ainda Pedro Nuno Santos.
PCP pede debate de urgência no Parlamento
O PCP vai requerer o agendamento para quarta-feira de um debate parlamentar sobre o corte no abastecimento elétrico, considerando que ficaram patentes “vulnerabilidades e problemas” no sistema elétrico nacional que devem ser avaliadas, em particular ao nível da soberania.
Em comunicado, o PCP considera que a quebra de fornecimento de energia elétrica que se registou hoje em Portugal exige “medidas que contribuam para a rápida reposição do fornecimento”, com prioridade para os “serviços essenciais à população”, como a saúde, transportes, educação ou segurança.
O partido pede também que se faça um “apuramento rigoroso das causas que estiveram na origem desta falha” e se identifiquem as “opções que se colocam para garantir no futuro a segurança e a soberania energéticas em Portugal”.
“A situação exige também uma rápida avaliação dos impactos e prejuízos decorrentes, bem como medidas de reparação de danos e apoio a setores afetados”, refere-se.
Para o PCP, o apagão expôs “vulnerabilidades e problemas no sistema elétrico nacional no plano da soberania, segurança, produção, distribuição e respetiva gestão e controlo, que são inseparáveis das políticas de privatização e liberalização, com a separação da produção, distribuição e comercialização”.
“Perante esta situação, impõe-se quer uma reavaliação dos mecanismos de mercado e do grau de dependência e interligação com países terceiros (designadamente Espanha), mas também da efetiva capacidade do país para responder a necessidades de abastecimento de energia em situações de emergência como esta nas várias regiões do país”, lê-se.
O partido acrescenta que “a situação excecional de albufeiras cheias, com a capacidade de produção hidroelétrica praticamente no máximo, não pode minimizar essa avaliação, sobretudo quando se encerram produções termoelétricas coincidentes com longos períodos de seca”.
O PCP defende que “a sujeição a um contexto de dependência externa e de mercado liberalizado” constitui “um fator de insegurança para o país”.
“Tudo isto reclama a inversão da política de abdicação nacional sobre os setores estratégicos e a garantia de um funcionamento articulado, coerente e eficaz do sistema elétrico nacional”, sustenta o PCP, que recorda que houve países, como a França ou a Alemanha, que “decidiram recentemente medidas visando a recuperação total ou parcial do controlo público desse setor”.
“Portugal deve assumir igualmente esse objetivo”, consideram.
O PCP refere assim que, na reunião da conferência de líderes parlamentares esta terça-feira, vai pedir o agendamento de um debate de urgência sobre este tema na reunião da Comissão Permanente de quarta-feira.
Rui Tavares considera essencial que a Europa tenha rede energética menos dependente
O porta-voz do Livre disse hoje que a segurança na Europa deve ser levada a sério, considerando essencial a existência de uma rede energética menos dependente das grandes empresas e das grandes distribuidoras.
Rui Tavares falava hoje junto da Autoeuropa, depois de uma reunião com os trabalhadores que acabou por ser interrompida devido a uma falha de eletricidade que afetou, a partir das 11:30, várias cidades de norte a sul do país.
"Para o Livre são essenciais a segurança europeia e a segurança energética com uma rede energética mais distribuída, mais descentralizada e menos dependente das grandes empresas. Por isso temos como proposta a criação de comunidades de energia com espaços nos bairros, vilas e cidades muitas vezes centralizados nas escolas", disse.
Pela dimensão do que aconteceu hoje, adiantou, teremos oportunidade de falar desta nossa proposta durante os debates para as eleições legislativas.
Relativamente à Autoeuropa, Rui Tavares disse que a comissão de trabalhadores da empresa explicou que se a fábrica estivesse em laboração plena, que não é o caso porque está numa pausa programada, por cada minuto parada seriam muitos milhares de euros que se perderiam.
"Um acontecimento como o de hoje mete em alto relevo a importância de ter a listagem de infraestruturas críticas feita e bem protegidas com planos B e C para este tipo de eventos”, frisou.
Na reunião de hoje com os trabalhadores da empresa, explicou, foi abordada a questão da guerra comercial de Trump, tendo ficado descansado por saber que na verdade a Autoeuropa não é muito afetada uma vez que não exporta para o mercado norte-americano mas sim e principalmente para os mercados europeus.
Rui Moreira diz que situação irá normalizar no Porto nas próximas horas
O presidente da Câmara do Porto afirmou hoje que algumas zonas da cidade já têm eletricidade, como Massarelos e Lordelo, e que nas próximas horas a situação irá normalizar, depois de o apagão ter provocado 50 ocorrências na cidade.
Em entrevista à TVI/CNN, pelas 21:10, o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, avançou que algumas zonas da cidade, como Massarelos e Lordelo do Ouro, Damião de Góis (centro), Aliados e Fernão Magalhães já tinham eletricidade.
A reposição da eletricidade está a ser acompanhada no Centro de Gestão Integrada (CGI) pelo mapeamento do sistema de semaforização.
“Aquilo que dizem é que nas próximas horas a situação se vai normalizar”, acrescentou, dando nota de em determinadas zonas de Aldoar e da Foz ainda estavam às escuras.
Segundo o autarca, os semáforos já estão a começar a funcionar e a recolha e limpeza do lixo será feita esta noite.
No hospital de São João e no Instituto Português de Oncologia (IPO), instituições que durante o dia tiveram de ser apoiadas pelos serviços da Proteção Civil, a eletricidade “já estava a funcionar normalmente”.
Rui Moreira adiantou ainda que durante o dia o Regimento de Sapadores Bombeiros do Porto registou cerca de 50 ocorrências, grande parte relacionadas com pessoas presas em elevadores.
Outro dos problemas foi “garantir o abastecimento de água”, afirmou, acrescentando que as Águas do Douro e Paiva tiveram um “problema nas bombas elevatórias”, mas que ainda assim o município teve capacidade instalada nos depósitos.
“Verificámos que houve um açambarcamento e uma parte da cidade, principalmente aquela que afeta o Hospital São João e o IPO começou a ficar com falta de pressão, o que obrigou a fechar o fornecimento de água nomeadamente em Aldoar para garantir a pressão nos serviços ligados à saúde”, esclareceu, acrescentando que a situação “está resolvida”.
Rui Moreira disse ainda esperar que o abastecimento de água à cidade, a partir de Gondomar, seja entretanto normalizado para que repor o armazenamento dos depósitos.
Para garantir que os turistas e portugueses que chegam ao aeroporto do Porto tenham como se deslocar até à cidade, vários autocarros da Sociedade de Transportes Coletivos do Porto (STCP) estão a providenciar o transporte gratuito.
A operação continuará durante a noite e será garantida com o reforço das linhas 601, 602 e 604, segundo informou a STCP em comunicado, acrescentou que durante o apagão assegurou toda a operação, sem constrangimentos.
Já quanto às escolas e serviços públicos, Rui Moreira afirmou que, em principio e se não existir outro apagão, estarão a funcionar normalmente na terça-feira de manhã.
“Com os cuidados necessários diria aos pais que amanhã [terça-feira] podem contar que as escolas estarão abertas”, acrescentou.
Rui Moreira considerou ainda que a gestão na covid-19 foi “muito pior” do que esta, que se tornou mais complicada “pela imprevisibilidade”.
Na rede social Facebook, o presidente da Câmara de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, adiantou que as reservas de gasóleo estão no máximo em todas as infraestruturas com gerador no caso de haver um novo apagão.
Além disso, o autarca referiu que a água e o saneamento estão em pleno funcionamento e que os sistemas de recolha de lixo serão integralmente mantidos durante a noite.
As cantinas escolares também estão preparadas para funcionar na terça-feira, permitindo a abertura das escolas, acrescentou.
Carlos Moedas admite que situação não estará normalizada na terça-feira
O presidente da Câmara de Lisboa admitiu hoje que, apesar de a eletricidade estar a ser gradualmente reposta na capital, a situação não deverá estar normalizada na terça-feira, pelo que pede calma e que se evitem deslocações desnecessárias.
“Tenho muitas dúvidas que amanhã [terça-feira] de manhã já estejamos numa situação de normalidade”, disse Carlos Moedas em declarações à estação de televisão Sic Notícias pelas 22:30.
A essa hora ainda estavam mais zonas de Lisboa “sem luz do que com”, indicou o presidente, sem especificar quais as zonas.
Afirmando que este foi “o dia mais difícil como presidente” por haver falta de informação, o autarca aconselhou os lisboetas a “não fazerem deslocações que possa evitar”.
Questionado sobre a abertura das escolas, Carlos Moedas remeteu a decisão para os agrupamentos escolares, mas reiterou que a situação não deve estar normalizada na terça-feira de manhã, pelo que se devem evitar deslocações desnecessárias.
“Vivemos algo que nunca tínhamos vivido. A luz está a ser reposta muito devagar para não haver mais problemas. A cidade está a voltar à normalidade. Peço calma, serenidade e evitar algumas deslocações”, afirmou.
O presidente da Câmara de Lisboa disse ainda que todos os recursos da autarquia estiveram hoje na rua, nomeadamente Polícia Municipal, Proteção Civil Municipal e o Regimento dos Sapadores Bombeiros, que socorreu mais de 30 ocorrências de pessoas presas em elevadores.
Mas a situação “mais difícil” aconteceu quando começou a receber pedidos de ajuda de vários hospitais que precisavam de gasóleo para os geradores, tendo a autarquia ido buscar combustível aos serviços de higiene urbana.
Quanto ao caos que se verificou no Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, onde centenas de voos foram cancelados e milhares de pessoas se concentraram no exterior do edifício, Carlos Moedas disse que, “excecionalmente”, concorda com a solução encontrada de se realizarem voos noturnos.
Frisando que é contra voos noturnos, o autarca justificou que a situação dos milhares de passageiros tem de ser regularizada, pelo que os voos noturnos “são necessários”.
*Com Lusa
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