“O aquecimento global já está aqui e está a evoluir a um ritmo alarmante”, disse Francesco Rocca na abertura da primeira Conferência das Partes (COP), sobre o impacto da mudança climática na saúde, que durante dois dias decorre naquela cidade da Riviera Francesa.
Mesmo que o impacto na saúde seja difícil de ser medido, os cientistas concordam que as alterações climáticas causarão muitas mortes e doenças, disse Rocca, que também é presidente da Cruz Vermelha Italiana.
Cerca de 600 pessoas, entre técnicos, cientistas, pessoal da Cruz Vermelha e personalidades políticas, como Laurent Fabius, presidente do Conselho Constitucional francês e ex-presidente da COP21, participam nesta conferência sobre “o maior défice de saúde pública do século XXI: Curar a humanidade a + 2º Celsius”.
“Progressos foram feitos, mas também recuam as curvas do aquecimento global, que continuam em pânico, as projeções são alarmantes”, disse Jean-Jacques Eledjam, presidente da Cruz Vermelha Francesa.
Segundo o mesmo responsável, “estas mudanças atingiram primeiro as pessoas mais vulneráveis, aquelas que não podem fugir e que buscam tratamento e é preciso encarar os factos, pois cada grau extra custa vidas e sofrimento humano”, acrescentando que “é hora de falar sobre adaptação, questões de financiamento e também da oportunidade de construir um mundo mais justo”.
“Segundo o Banco Mundial, até 2030, mais de 100 milhões de pessoas vão passar para a pobreza, por causa das alterações climáticas”, disse Laurent Fabius, lembrando que, se tudo continuar assim “não é curar a + 2º C, mas sim a + 3,5º”.
Alex Pinano, líder da Cruz Vermelha das Ilhas Marshall, lançou um forte apelo de ajuda.
“Façam qualquer coisa por nós, senão seremos os nómadas do Pacífico”, implorou, face ao risco de subida dos níveis do mar, à morte dos bancos de coral e a ondas de calor que venham a tornar-se a norma no seu arquipélago.
A conferência está a decorrer no Théâtre Croisette, o mesmo local onde, há um século, de 01 a 11 de abril de 1919, numa conferência médica, foram lançadas as bases para a criação da Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho.
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