O alerta foi lançado pela ONG Business and Human Rights Resource Centre, que acompanha sobretudo a área de responsabilidade social no setor empresarial. A ONG interrogou 28 marcas de roupa mas apenas conseguiu respostas completas de 10. Desse grupo, destacam-se as lojas H&M e Next, que descobriram que há crianças sírias a trabalhar ilegalmente nas fábricas de dois fornecedores, na Turquia.
A ONG denuncia que, para outras grandes marcas da indústria de moda, "os trabalhadores refugiados parecem invisíveis e distantes das suas preocupações". O documento alerta ainda que "poucas das grandes marcas de roupa tomam as medidas necessárias para proteger os refugiados (explorados) nas suas cadeias de produção".
Ao todo, quatro marcas admitiram ter detetado refugiados a trabalhar clandestinamente em fábricas dos seus fornecedores, em 2015.
Atualmente, a Turquia acolhe mais de 2,2 milhões de sírios que fugiram da guerra civil que estalou no país em 2011.
Crianças migrantes desaparecidas em Itália podem ter caído nas mãos do crime organizado
As últimas estimativas da Europol, davam conta que 10 mil crianças migrantes, sem qualquer acompanhante adulto, desapareceram na Europa nos últimos 18 a 24 meses e estima-se que cerca de metade das crianças tenham desaparecido depois de chegarem a Itália. O órgão teme que muitas estejam a ser exploradas, sobretudo sexualmente, pelo crime organizado.
O jornalista italiano Luca Attanasio, autor de "Il Bagaglio", um livro sobre o fenómeno das crianças migrantes, considera que a maioria delas cai em redes de tráfico de droga e prostituição.
"O fenómeno das crianças migrantes, menores de idade que viajam sozinhas para a Europa, explodiu nos últimos meses", declarou nesta segunda-feira à AFP o jornalista que explicou que há mudanças que estão a acontecer. "Enquanto pesquisava os fluxos migratórios para a Europa, dei-me conta de que o fenómeno das crianças estava a mudar. Primeiro, entravam menores de idade acompanhados por um adulto, geralmente um conhecido. Mas por infelicidade, ultimamente, não é assim", afirmou.
Para milhares de crianças que deixam o seu país, o único ponto de referência, "o único operador turístico", como os denomina Attanasio, "são os traficantes, as máfias transnacionais, que comandam estes fluxos", justificou.
Segundo Luca Attanasio, as famílias que decidem mandar um dos seus filhos menores para a Europa, "ficam endividadas para sempre", razão pela qual acabam presas em poderosas redes ilegais. "Acabam escravizados, tanto os pais como os filhos, porque devem quantias elevadas, que nunca conseguirão pagar", contou. "Quando se trata de filhos menores de idade, o drama é ainda maior. Uma vez que estas crianças acabam por ser confiadas às máfias, elas vivem cenas de extrema violência. São torturadas, espancadas uma e outra vez e chegam a ver os seus colegas de travessia morrer. Estas crianças são escravizadas durante o trajeto da viagem e, com frequência, depois", explicou.
Cerca de um milhão de migrantes, principalmente sírios, iraquianos e eritreus, chegaram à Europa, em 2015, fugindo dos seus países. Estima-se que 27% dos refugiados sejam crianças, de acordo com dados da Europol.
Das cerca de 270 mil crianças registadas, 10 mil ficam "invisíveis" para as autoridades. "Em muitos casos, foram interceptadas à chegada pelas máfias, que não têm nenhum interesse em que sejam identificadas pelas autoridades. Tratam-se de redes muito organizadas, que chegam até a esperar que as crianças cresçam ou atrevessem momentos específicos da vida porque sabem que são muito frágeis", reforçou.
"Infelizmente e com muita frequência, estas crianças acabam a vender droga ou veem-se obrigadas a prostituir-se em circunstâncias terríveis", denunciou Attanasio, que entrevistou 30 menores que viajavam sem acompanhantes, além de políticos, assistentes sociais, organizações humanitárias, antropólogos, psicólogos e juízes.
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