“Em cada fase da vacinação deveria ser fornecida informação clara e atempada para os profissionais de saúde e para os utentes. Os utentes continuam a contactar as unidades, que já estão sobrecarregadas em termos do número de chamadas, a solicitar informações que as próprias unidades não têm”, salientou o presidente da AUSF, Diogo Urjais.
Ouvido na Comissão Eventual para o acompanhamento da aplicação das medidas de resposta à pandemia da doença covid-19 e do processo de recuperação económica e social, o responsável da AUSF salientou que Portugal dispõe de uma das “melhores redes da Europa” de vacinação, mas alertou que "os profissionais serão os mesmos” para responder ao acréscimo de trabalho com a vacinação contra a covid-19.
“Se estamos a priorizar a vacinação, sem qualquer reforço dos cuidados de saúde primários, em termos de recursos humanos, alguma atividade vai deixar de ser feita”, admitiu Diogo Urjais, ao defender que é necessário definir qual a atividade programada não urgente que será afetada e como será recuperada depois.
Sobre a vacinação dos portugueses, o representante das USF, pequenas unidades dos centros de saúde com autonomia funcional e técnica, adiantou que as equipas “receberam listagens impressas centralmente para validar os utentes que estão incluídos nesta fase” e para acrescentar outros que podiam não ter o seu diagnóstico ativo no sistema de informação.
“Foram enviadas listagens para validar até às duas da tarde do dia seguinte. Estamos de falar de centenas de utentes por unidade que não vêm separados por médico de família”, disse Diogo Urjais aos deputados.
O presidente da AUSF considerou ainda que falta saber como é que os utentes vão ser chamados, por quem e para onde para receberem a vacina, planos que devem ser definidos ao nível regional, devido à logística que a vacinação implica.
“Parece lógico e fundamental que os locais de vacinação sejam mais centralizados para não haver desperdício e para que seja mais fácil, com condições para o utente e para os profissionais, como circuitos distintos, áreas de espera, postos de vacinação, medicação disponível e fácil acesso aos cidadãos”, preconizou.
A ministra da Saúde anunciou que a primeira semana de fevereiro vai marcar o arranque da vacinação das pessoas com mais de 50 anos e com pelo menos uma das quatro comorbilidades identificadas – doença coronária, insuficiência cardíaca, insuficiência renal e doença pulmonar obstrutiva crónica.
“Este grupo tem um universo de cerca de meio milhão de pessoas, um pouco menos. A sua identificação através dos registos dos centros de saúde, o processo de realização de contacto com as pessoas e de identificação das mesmas através dos serviços privados está preparado para ser iniciado na semana que vem”, sentenciou.
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