Tedros Adhanom Ghebreyesus falava uma conferência de imprensa virtual, a partir de Genebra, sobre a pandemia de covid-19, durante a qual salientou a importância dos testes e disse que estão a ser avaliados mais de 50 diagnósticos, incluindo testes autoadministrados.
"À medida que as vacinas forem sendo lançadas, os testes continuarão a desempenhar um papel vital", disse, acrescentando: "Inicialmente, os trabalhadores da saúde, os idosos e outros grupos de risco serão considerados prioritários para a vacinação".
Segundo o responsável essa situação ainda deixará "muito espaço de manobra" ao vírus, pelo que os testes continuarão a ser "um instrumento vital" para controlar a pandemia.
A questão de quem deve ter prioridade nas vacinas à covid-19 gerou polémica hoje em Portugal, com a possibilidade, noticiada na imprensa, de que maiores de 75 anos sem comorbilidades ficavam de fora do acesso prioritário à vacina.
O Presidente da República considerou-a uma "ideia tonta" e o primeiro-ministro já rejeitou essa possibilidade.
A questão surgiu por haver uma proposta de especialistas da Direção-Geral da Saúde (DGS) de que pessoas entre os 50 e os 75 anos com doenças graves, funcionários e utentes de lares de idosos e profissionais de saúde devem ser os primeiros a ser vacinados.
Na conferência de imprensa em Genebra o secretário-geral da OMS afirmou que quase metade de todos os casos e mortes devido à pandemia ocorreram em apenas quatro países e que quase 70% dos casos e mortes ocorreram em 10 países do mundo, havendo “muitos países em todo o mundo” que mostraram que a covid-19 pode ser controlada com as ferramentas existentes, uma delas os testes.
Tedros Adhanom Ghebreyesus falou da evolução mundial em termos de testes, exemplificou com África, onde apenas dois países tinham capacidade de testes laboratoriais à covid-19 no início da pandemia e onde hoje todos os países têm capacidade para fazer testes, e disse que continuam a ser necessários “mais e melhores testes”, que sejam fáceis de usar, baratos, fiáveis e rápidos.
E advertiu que são necessários ainda 418 milhões de euros para a OMS maximizar a utilização de testes rápidos.
O responsável salientou ainda que todas as pessoas que precisam de um teste devem fazê-lo, mas advertiu que os testes são apenas uma parte da estratégia, e que os investimentos em testes devem ser acompanhados de investimentos como em instalações de isolamento, cuidados clínicos, proteção dos trabalhadores da saúde ou rastreio de contactos.
Tedros Adhanom Ghebreyesus lembrou também na conferência de imprensa que a OMS publicou esta semana novas diretivas sobre atividade física, “essencial para a saúde física e mental ao longo da vida”, salientando que um em cada quatro adultos e quatro em cada cinco adolescentes não têm atividade física suficiente.
As novas diretrizes, recordou, recomendam entre 150 a 300 minutos de atividade moderada a vigorosa por semana para os adultos, e uma média de 60 minutos por dia para crianças e adolescentes.
Respondendo a perguntas dos jornalistas a diretora do programa de vacinação da OMS, Katherine O`Brien disse que mesmo os países pobres poderão ter acesso a vacinas que precisam de estar permanentemente refrigeradas, porque há mecanismos para tal, mas advertiu que cada país terá de trabalhar para criar o melhor sistema de vacinação.
A responsável admitiu não ter ainda dados sobre que percentagem de população em cada país terá de ser vacinada para se criar imunidade de grupo, mas falou de estudos que indicam que é necessário imunizar 60 a 70% da população.
Os responsáveis da OMS que hoje participaram na conferência de imprensa insistiram que não se pode “baixar a guarda” mesmo quando há um desaceleramento da infeção, disseram que há o risco de o vírus ser transmitido em situações de confinamento mas que “comprovadamente o confinamento diminui a transmissão comunitária”, e pediram mais informações sobre a eficácia de algumas novas vacinas que tem sido divulgada, porque para a OMS não chega a informação contida em comunicados de imprensa.
A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.433.378 mortos resultantes de mais de 60,9 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 4.276 pessoas dos 285.838 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
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