“Temos neste momento em processo de contratação de qualquer coisa como 38 milhões de vacinas”, avançou Marta Temido em entrevista à agência Lusa, a propósito de um ano sobre o aparecimento dos primeiros dois casos de infeção pelo novo coronavírus em Portugal, a 2 de março de 2020.
Um número de vacinas é, referiu a ministra, “muito mais do que aquilo que serão as necessidades para a vacinação integral da população portuguesa” e que permite garantir apoio a outros países.
“Se alguma coisa esta pandemia nos ensinou foi que só quando todos estiverem a salvo, cada um de nós estará a salvo”, afirmou.
Relativamente à proposta do coordenador do plano de vacinação contra a covid-19, Gouveia e Melo, de adiar a toma da segunda dose da vacina para permitir vacinar mais 200 mil pessoas até final de março, Marta Temido adiantou que “essa alteração técnica está a ser desenhada e entrará em vigor tão breve quanto sejam as novas vacinações”, dado que esta medida não atinge quem foi vacinado e já tem a segunda administração marcada.
“Não é não tomar a segunda dose ou sequer ultrapassar” o intervalo definido nos ensaios clínicos, é apenas uma questão de gestão de quantidades e de poder “proteger mais pessoas, mais depressa, garantindo que os objetivos” propostos são alcançados.
“A Direção Geral da Saúde, o infarmed e a ‘task force’ para a vacinação analisaram a possibilidade de um maior espaçamento entre doses e consideram que essa possibilidade é tecnicamente adequada mantendo as recomendações daquilo que são as carateristicas do medicamento”, disse.
Desde 27 de dezembro, já foram administradas mais de 860 mil doses de vacinas em Portugal. “Ter 60% da população vacinada no final do verão continua a ser o objetivo”, disse, admitindo, contudo, ser “um objetivo ambicioso”: “Sabemos que vamos ter que acompanhar o processo com cuidado e com disponibilidade para ajustamentos”.
Quanto aos testes à covid-19, afirmou que já foram realizados 8,1 milhões, o que coloca Portugal entre “os países que mais testa na União Europeia”.
A estratégia de testagem mudou e todos os contactos fazem agora um teste, independentemente do nível de risco, permitindo alargar o universo de testados.
Por outro lado, num cenário de desconfinamento, como está a ser planeado, haverá “um momento prévio” que envolverá uma testagem de pessoas que trabalham em “atividades mais expostas”.
“Não vamos andar a fazer testes em dez milhões de portugueses de 15 em 15 dias. Não haveria testes, nem meios humanos, nem meios financeiros e seria um desperdício”, mas haverá uma aferição baseada em “critérios técnicos, critérios de razoabilidade” baseados na evidência que já existe sobre outras estratégias de testagem noutros países.
O que se pretende, explicou, é que antes do início de determinadas atividades se garantam campanhas de rastreio e que setores da atividade industrial, comercial, cultural possam ter a prática de testagem interiorizada da mesma forma que se fazem, por exemplo, exames médicos periódicos em termos de saúde ocupacional ou da saúde no trabalho.
Também em determinadas atividades da responsabilidade do Estado, como a Educação, haverá testes no regresso à atividade presencial, que serão depois feitos regularmente.
A adesão social à testagem também “é absolutamente fundamental”.
“Sabendo nós que há muitas variantes a surgir o teste tem esse valor de em cada momento perceber como é que está a transmissão e até detetar novas variantes que possam ser mais agressivas”, vincou.
Questionada sobre o investimento feito em testes, a ministra afirmou: “muito”, lembrando que o SNS já realizou milhões de testes que no início custavam quase 100 euros cada um.
“Foi uma despesa significativa em termos de capacidade laboratorial do país”, disse, sublinhando que só o SNS investiu cerca de oito milhões de euros na melhoria dos seus laboratórios, não contando com reagentes, nem com os recursos humanos.
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