“Vamos implementar um conjunto de iniciativas que visam controlar e reduzir custos como suspensão ou adiamento de investimentos não críticos, corte de despesas acessórias, renegociação de contratos e prazos de pagamento, antecipação de crédito junto de fornecedores, suspensão de contratações de novos trabalhadores, bem como a implementação de programas de licença sem vencimento temporárias”, lê-se na nota enviada hoje e a que a Lusa teve a acesso.
A comissão executiva liderada por Antonoaldo Neves justifica as medidas com o impacto que o surto de Covid-19 está a ter nas reservas da empresa.
Na mesma nota, a TAP diz aos colaboradores que “a evolução do surto do coronavírus tem tido também um crescente impacto na economia global, sendo os setores do turismo e da aviação civil dos mais impactados”.
Segundo a comissão executiva da transportadora, “em janeiro e fevereiro não houve impacto negativo” no negócio, mas “nos últimos dias observou-se uma significativa quebra nas reservas, com impacto direto” nas vendas.
Por isso, a TAP resolveu implementar medidas para a “adequação da oferta” e “gestão cuidada da posição de caixa, para continuar a manter a liquidez necessária que a atividade exige”, lê-se na nota.
A companhia aérea vai, assim, cancelar cerca de mil voos em março e abril, “reduzindo a capacidade em 4% em março e 6% em abril, o que representa um total de cerca de 1.000 voos”, explicou a empresa, num comunicado hoje enviado às redações.
Segundo esta nota, os cancelamentos “incidem especialmente na operação para cidades nas regiões mais afetadas, sobretudo Itália, mas contemplam também a redução de oferta em outros mercados europeus que mostram maiores quebras da procura, como Espanha ou França”, incluindo ainda “alguns voos intercontinentais, dado o modelo de operação da TAP, como companhia de longo curso e conexão”.
A transportadora garantiu que irá “contactar todos os passageiros afetados por estes cancelamentos e em conjunto com eles encontrará as melhores opções e alternativas para a realização das suas viagens”.
O Grupo TAP registou prejuízos de 105,6 milhões de euros em 2019, uma melhoria de 12,4 milhões de euros face às perdas de 118 milhões registadas em 2018 pela companhia aérea, divulgou a TAP SGPS, no dia 20 de fevereiro.
O surto de Covid-19, detetado em dezembro, na China, e que pode causar infeções respiratórias como pneumonia, provocou cerca de 3.300 mortos e infetou mais de 95 mil pessoas em 79 países, incluindo nove em Portugal.
Das pessoas infetadas, mais de 50 mil recuperaram.
Além de 3.012 mortos na China, há registo de vítimas mortais no Irão, Itália, Coreia do Sul, Japão, França, Hong Kong, Taiwan, Austrália, Tailândia, Estados Unidos da América e Filipinas, San Marino, Iraque, Suíça e Espanha.
Um português tripulante de um navio de cruzeiros está hospitalizado no Japão com confirmação de infeção.
Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde (DGS) confirmou nove casos de infeção.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou o surto de Covid-19 como uma emergência de saúde pública internacional e aumentou o risco para “muito elevado”.
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