A agência de notícias France-Presse (AFP), que tem contabilizado os casos da doença covid-19 no mundo, avançou que os dados da última semana são os mais elevados desde o início da pandemia, no final de 2019.

Com 6.550.000 casos registados entre 22 e 28 de dezembro, ou uma média superior a 935.000 por dia, o vírus circula atualmente a um ritmo sem precedentes, significativamente superior ao recorde anterior estabelecido entre 23 e 29 de abril, quando foram registados 817.000 casos diários.

O número de infeções comunicadas, que tem vindo a aumentar globalmente desde meados de outubro, aumentou 37% nos últimos sete dias em comparação com a semana anterior, segundo a AFP.

A contagem tem por base relatórios diários das autoridades de saúde de cada país, mas a AFP indicou que uma proporção significativa dos casos menos graves ou assintomáticos continua por detetar, apesar do aumento do rastreio em muitos países.
Além disso, as políticas de testagem diferem de país para país, acrescentou a agência francesa.

"O crescimento rápido está provavelmente ligado a uma combinação de perda de imunidade e ao aumento intrínseco da transmissibilidade da variante Ómicron", disse a Organização Mundial da Saúde (OMS) na terça-feira.

A OMS alertou para o risco "muito elevado" apresentado pela variante Ómicron, particularmente contagiosa em relação a outras variantes, como a Delta.

No seu boletim epidemiológico semanal, divulgado na terça-feira à noite, a OMS registou um aumento de 11% do número de casos a nível mundial (para 4,9 milhões de infeções) entre 20 e 26 de dezembro, em comparação com a semana anterior.

De acordo com OMS, a Europa registou, na mesma semana, a taxa de infeção mais elevada no mundo, com 304,6 novos casos por 100.000 residentes.

Esta explosão no número de casos detetados não se traduziu num aumento global do número de mortes, que tem vindo a diminuir há três semanas em todo o mundo.

A AFP assinalou uma média de 6.450 novas mortes por dia entre 22 e 28 de dezembro, a mais baixa desde o final de outubro de 2020.

No auge da pandemia, foram registadas 14.800 mortes diárias entre 20 e 26 de janeiro de 2021.

A maioria das novas infeções está a ocorrer na Europa, onde foram registados mais de 3,5 milhões de casos nos últimos sete dias, com uma média superior a 510.000 por dia.

Este é também um nível sem precedentes, pois as vagas anteriores na Europa nunca registaram mais de 300.000 casos por dia, segundo a AFP.

Nos dois anos desde a descoberta do coronavírus SARS-CoV-2, mais de 282 milhões de casos de covid-19 foram oficialmente detetados em todo o mundo, com mais de 5,4 milhões de mortes.

O número de mortes relacionadas com a covid-19 poderá, segundo a OMS, ser duas a três vezes superior, tendo em conta o excesso de mortalidade direta e indiretamente ligada à doença respiratória.

A covid-19 é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado pela primeira vez na China, no final de 2019.

A nova variante Ómicron, considerada preocupante pela OMS, foi detetada na África Austral, mas desde que as autoridades sanitárias sul-africanas deram o alerta, a 24 de novembro, foram notificadas infeções em pelo menos 110 países, sendo dominante em Portugal.