A ministra falava em conferência de imprensa conjunta com a comissária europeia da Saúde, Stella Kyriakides, que marcou presença à distância, em formato digital, depois de uma reunião informal de ministros da Saúde da União Europeia (UE), que decorreu a partir do Centro Cultural de Belém, em Lisboa, para fazer um ponto de situação do processo de vacinação e do combate à pandemia de covid-19.
A ministra revelou que nesta reunião foi evidente a “preocupação com o aumento da nova variante em todos os Estados-membros” do bloco comunitário, “num contexto epidemiológico que se mantém difícil para todos os países”, tendo sido feito um apelo “à manutenção das medidas sanitárias”.
“Estamos bem conscientes das características [da nova variante do vírus], que a tornam mais transmissível, e essa maior transmissibilidade tem efeitos sobre a evolução epidemiológica”, apontou Marta Temido.
Neste sentido, a ministra garantiu que os Estados-membros partilham da mesma opinião de que “a unidade e a união são a melhor solução” para todos, razão pela qual a União Europeia “tem um verdadeiro testemunho do valor coletivo dos seus Estados-membros”.
A comissária europeia da Saúde referiu que “esta nova variante já está a ter um impacto significativo em alguns países europeus”, pelo que não se pode ‘baixar a guarda’. “Temos de continuar a trabalhar no sentido de descobrir a sequência do genoma desta nova variante. Não há outra forma de solucionar isto”, defendeu.
Para Marta Temido, que neste primeiro semestre de 2021 preside aos Conselhos de ministros da Saúde dos 27, no âmbito da presidência portuguesa do Conselho da UE, estes são apenas os primeiros passos de um processo que “vai ser longo”, apelando, por isso, à “necessidade, uma vez, mais de manutenção das medidas não farmacológicas”.
Comissária europeia da Saúde adverte contra compras paralelas
Kyriakides aproveitou também para advertir que “negociações paralelas” para a compra de vacinas “prejudicam a eficácia” da estratégia da Comissão Europeia, na sequência de notícias de contratos paralelos por alguns Estados-membros.
“Desde o início [da pandemia], sublinhámos que a nossa estratégia de vacinação passa por desenvolver uma carteira diversificada de vacinas”, afirmou a comissária.
“Um dos princípios norteadores é evitar negociações paralelas, porque prejudicariam a eficácia desta estratégia”, acrescentou, frisando estar "muito confiante” na “intenção de todos os Estados-membros de cumprir com este acordo".
Marta Temido reforçou também o apelo para a “compra conjunta das vacinas contra a covid-19”, sublinhando que ela dá uma clara vantagem os Estados-membros.
“Nós chegámos até aqui porque nos mantivemos em conjunto a trabalhar no apoio aos instrumentos de financiamento para o desenvolvimento de vacinas, no apoio às compras conjuntas, no apoio à distribuição, garantindo o acesso a todos os países ao mesmo tempo, e no apoio à atribuição de quantidades em função da população a cada um dos países”, apontou a ministra.
“O artigo sétimo dos acordos de compra conjunta refere este aspeto e, portanto, aquilo que lá se refere é claro sobre esta matéria”, acrescentou, em resposta a uma pergunta sobre eventuais compras paralelas por alguns Estados-membros.
Para a ministra, que neste primeiro semestre de 2021 preside aos Conselhos de ministros da Saúde dos 27, no âmbito da presidência portuguesa do Conselho da UE, estes são apenas os primeiros passos de um processo de vacinação que “vai ser longo”, apelando, por isso, à “necessidade, uma vez, mais de manutenção das medidas não farmacológicas”.
Os 27 mandataram em junho a Comissão Europeia para negociar em seu nome a compra de vacinas contra a covid-19, mas nas últimas semanas surgiram notícias de que a Alemanha assinou contratos para 30 milhões de doses adicionais e que Chipre está a negociar com Israel o fornecimento paralelo de vacinas.
A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.963.557 mortos resultantes de mais de 91,5 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 8.236 pessoas dos 507.108 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
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