Marta Temido confirmou que os números apresentados no Boletim Epidemiológico enviado pela DGS mantém-se: o total de casos de infeção pelo novo coronavírus em Portugal são 41 esta terça-feira, havendo 375 casos suspeitos — estando 83 a aguardar resultado laboratorial — e 667 contactos em vigilância pelas Autoridades de Saúde.
O balanço foi hoje feito pela ministra da Saúde, Marta Temido, e pela diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, numa conferência de imprensa para dar conta do evoluir da situação da epidemia do novo coronavírus, que provoca a doença Covid-19.
Marta Temido citou os mesmos números que tinham sido divulgados na manhã de hoje, disse que do total de doentes um inspira mais cuidados.
Reconhecendo que este é "um momento difícil” que “só conseguiremos enfrentar com coesão social”, Marta Temido disse ser fundamental “que todos os que têm responsabilidades decisórias se articulem com as autoridades nacionais, regionais e locais na saúde pública.”
A ministra da Saúde pediu especificamente para que "todos respeitem as orientações, informações e aconselhamentos das autoridades de saúde, seja na realização de isolamento profilático, na abstenção de viagens não essenciais, na utilização criteriosa de equipamentos de proteção individual ou para lavar as mãos.”
"A colaboração de todos é imprescindível”, referiu Marta Temido, dizendo ser fundamental a preparação para "uma fase seguinte do surto, mantendo, entretanto, todos os comportamentos que permitam contê-lo o mais possível”.
A ministra da Saúde anunciou que amanhã será convocada uma nova reunião do Conselho Nacional de Saúde, realizando-se pelas 15 horas. Marta Temido disse que o objetivo desta iniciativa será "consultar este órgão sobre a evolução epidemiológica da infeção pelo novo coronavírus, nomeadamente quanto a recomendações como a antecipação do período de férias escolares e o funcionamento de grande museus nacionais”.
Quanto às medidas já impostas — nomeadamente o fecho de escolas em Portimão e Amadora, assim como as restrições impostas nos concelhos de Felgueiras e Lousada — a ministra considera serem "tomadas em função de uma avaliação de risco”, especificamente centradas "nas características dos casos daquela população, que determinam uma determinada medida ou precaução".
Marta Temido alertou que o país se prepara para uma fase do surto seguinte, a fase de mitigação, "à fase de contenção alagarda onde ainda nos encontramos.”
"Estamos a combinar dois tipos de medidas, pois ao mesmo tempo que estamos a procurar conter, estamos também a preparar-nos para a fase seguinte de mitigação, onde poderemos vir a ter um afluxo maior aos serviços de saúde". referiu a ministra da Saúde.
Para "preparar respostas" a esta fase, a ministra justificou a instalação de "tendas de campanha em alguns hospitais", como o de São João, do Porto. Estas, frisa "não são repostas definitivas nem hospitais de campanha", mas sim "zonas que permitirão responder a uma fase de colheita de amostra de produtos para análise laboratorial".
Ao seu lado, Graça Freitas, Diretora-Geral da Saúde, explicou que, para se entrar em fase de mitigação, é preciso que comecem a ser identificados casos que não têm ligação epidemiológica a outros casos conhecidos e que superem este tipo de casos, onde se sabe terem uma ligação a algum sítio ou a outro caso.
No entanto, a diretora recordou que o país pode "não estar ao mesmo tempo na mesma fase", pois pode haver "regiões numa fase" e outras noutra.
Marta Temido anunciou ainda uma possível nova medida, fazendo-se "colheita através do INEM, em casa ou no sítio onde se encontrem os doentes em isolamento", e rejeitou, para já, a implementação de medidas como o "isolamento coercivo".
Quanto ao avolumar de chamadas que têm colocado em causa o funcionamento da Linha SNS24, Graça Freitas reconheceu que a mesma tem sido "submetida a enorme pressão", tendo "picos de procura enormes", tendo os profissionais encarregados de fazer o atendimento recebido "27679 chamadas, 10940 das quais foram atendidas".
A diretora disse ainda que a linha passou de receber 200 atendimentos em simultâneo, o seu patamar habitual, para 500 durante o dia de ontem, e para 1200 durante o dia de hoje. "Isto demonstra que temos estado a trabalhar para reforçar esta linha, uma vez que temos dito sempre que esta é a porta de entrada preferencial dos portugueses ou das pessoas residentes em Portugal no sistema de saúde, sobretudo numa epidemia", concluiu Graça Freitas.
Nos últimos dias, a Itália tornou-se o caso mais grave de epidemia fora da China, com 463 mortos e mais de 9.100 contaminados pelo novo coronavírus, que pode causar infeções respiratórias como pneumonia.
A quarentena imposta pelo governo italiano ao Norte do País foi alargada a toda a Itália.
O Governo português decidiu suspender todos os voos com destino ou origem nas zonas mais afetadas em Itália, recomendando também a suspensão de eventos em espaços abertos com mais de 5.000 pessoas.
A China registou segunda-feira mais uma queda no número de novos casos de infeção, 19, face a 40 no dia anterior, somando agora um total de 80.754 infetados e 3.136 mortos, na China Continental.
Portugal regista 41 casos confirmados de infeção, segundo a Direção-Geral da Saúde (DGS).
A DGS comunicou também que em Portugal se atingiu um total de 375 casos suspeitos desde o início da epidemia, 83 dos quais ainda a aguardar resultados laboratoriais.
Face ao aumento de casos, o Governo ordenou a suspensão temporária de visitas em hospitais, lares e estabelecimentos prisionais na região Norte, até agora a mais afetada.
Foram também encerrados alguns estabelecimentos de ensino, sobretudo no Norte do País, assim como ginásios, bibliotecas, piscinas e cinemas.
Os residentes nos concelhos de Felgueiras e Lousada, no distrito do Porto, foram aconselhados a evitar deslocações desnecessárias.
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