“O CDS foi muito claro na última discussão do estado de emergência, nós não passamos cheques em branco ao Governo”, afirmou, numa evocação do 25 de Novembro, em Lisboa.
O líder centrista justificou que a abstenção do partido “foi, em primeiro lugar, um protesto solene contra a falta de transparência no diálogo [do Governo] com a oposição”, mas também “a falta de planeamento e, por outro lado, uma firme exigência de que as próximas medidas fossem certeiras, eficazes, e que as propostas do CDS pudessem ser aprovadas, porque o tempo tem dado razão ao CDS”.
Francisco Rodrigues dos Santos disse que os centristas estão “do lado” do chefe de Estado “na necessidade de existir um estado de emergência para aplicar medidas restritivas”, mas ressalvou que não podem estar “ao lado de um Governo que oculta da oposição as medidas que vai tomar”.
“Isto é especialmente grave depois do balanço que se fez sobre a aplicação das medidas por via do último estado de emergência de há 15 dias”, frisou, apontando que o Governo “ainda hoje não sabe identificar” onde existe maior risco de infeção e anunciou medidas ao país “baseado num ‘clipping’ de notícias que ia lendo de jornais”.
“Quando se pede rigor e fundamentação científica, este primeiro-ministro responde com recortes de jornais”, criticou, considerando que o executivo de António Costa “infelizmente está desorientado, sem rumo, está perdido, e tem fracassado de forma absolutamente incompetente na gestão desta crise pandémica”.
Na ótica do presidente do CDS, o Governo “falhou na eficácia das medidas, continua a comunicar de forma absolutamente incompreensível e não compensou os prejuízos que foram registados nos setores mais afetados por estas últimas medidas que tomou”.
“Nós temos perfeita consciência, no CDS, que esta crise tem que mobilizar todos os portugueses num esforço de verdadeira união nacional, para a qual o CDS sempre esteve disponível e na qual sempre participou desde a primeira hora, porque são vidas de portugueses que é preciso salvar e não as podemos colocar em risco com incompetência, com desnorte e com falta de planeamento”, advogou.
Hoje, o líder parlamentar do CDS-PP e o deputado João Gonçalves Pereira criticaram a alteração do sentido de voto do partido na renovação do estado de emergência, defendendo que deveriam ter votado favoravelmente, e não abstenção, como decidiu a direção.
Através de declarações de voto a título individual, os parlamentares defenderam que a necessidade de medidas para controlar a pandemia de covid-19 deveria sobrepôr-se a “responder à incompetência do Governo na gestão pandémica”.
Francisco Rodrigues dos Santos intervinha na apresentação do livro “O Estado de Portugal”, da Juventude Popular, em Lisboa, uma cerimónia onde foi feita também uma evocação do 25 de Novembro.
Num paralelo com a data em causa, pediu “um 25 de Novembro também na saúde”, que liberte o país do novo coronavírus, que está a conduzir sociedade “para o medo, para a desconfiança e para a perda de recursos e rendimentos”.
Na ocasião, o presidente do CDS instou ainda o Governo a divulgar o plano de vacinação contra a covid-19, alertando que “cada atraso no planeamento pode custar vidas de portugueses”.
Salientando que outros países europeus não estão “à espera, e de braços cruzados, de uma resposta por parte da União Europeia”, pediu aos decisores políticos que “sejam responsáveis” para que Portugal não seja “o último país a ser vacinado” por “incompetência do seu próprio Governo”, a quem “já caiu a máscara há muito tempo”.
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