A China reportou hoje 254 novas mortes e 15.152 novos infetados em 24 horas pelo novo coronavírus, designado Covid-19, num aumento recorde que resulta de uma alteração na metodologia da contagem.
Numa fase de indecisão face à propagação do coronavírus por todo continente chinês, milhares de professores e estudantes estrangeiros na China estão a ser aconselhados pelas respetivas universidades a voltarem aos seus países.
Entretanto o coronavírus já fez vítimas políticas na China: O Comité Central do Partido Comunista Chinês anunciou hoje a substituição do secretário da organização em Hubei, província de onde é originário o surto.
Ficou a saber-se esta madrugada também que o número de infetados com o novo coronavírus a bordo do cruzeiro Diamond Princess subiu para 218, anunciou o Governo japonês, que mantém em quarentena o navio atracado ao largo do país, com mais de 3.600 pessoas a bordo.
Apesar de ontem ter sido adiado o Grande Prémio da China de Fórmula 1 e cancelado Mobile World Congress, em Barcelona, o presidente do comité organizador dos Jogos Olímpicos Tóquio2020, Yoshiro Morri, garantiu hoje que não planeia adiar ou cancelar a iniciativa, criticando os “rumores irresponsáveis” sobre o assunto.
Entretanto, na Europa, a Comissão Europeia defendeu hoje a adoção de “medidas proporcionais” ao risco de propagação do novo coronavírus na União Europeia (UE), que podem passar por controlos nas fronteiras no espaço comunitário se a situação piorar.
Bruxelas acolhe hoje uma reunião extraordinária de ministros da Saúde da União Europeia, convocada de emergência pela presidência do Conselho, na qual os 27 discutirão o reforço da coordenação ao nível europeu para prevenir a propagação do novo coronavírus.
Em Portugal, a Diretora-Geral da Saúde, Graça Freitas, indicou que o plano de contenção de Portugal para o surto do Coronavírus "tem um nível de preparação elevado" e que o país tem condições para lidar com possíveis casos positivos da doença. Até ao momento Portugal teve seis casos suspeitos, todos negativos.
No fórum da Organização Mundial da Saúde (OMS), em Genebra, onde se definiu o novo nome do coronavírus, Covid-19, ficou também a saber-se que a organização estima que uma vacina contra o novo vírus deve demorar cerca de um ano e meio.
Estas são as principais recomendações das autoridades de saúde à população
O surto do novo coronavírus detetado na China tem levado as autoridades de saúde a fazer recomendações genéricas à população para reduzir o risco de exposição e de transmissão da doença. Eis algumas das principais recomendações à população pela Organização Mundial da Saúde e pela Direção-geral da Saúde portuguesa:
- Lavagem frequente das mãos com detergente, sabão ou soluções à base de álcool;
- Ao tossir ou espirrar, fazê-lo não para as mãos, mas para o cotovelo ou para um lenço descartável que deve ser deitado fora de imediato;
- Evitar contacto próximo com quem tem febre ou tosse;
- Evitar contacto direito com animais vivos em mercados de áreas afetadas por surtos;
- Deve ser evitado o consumo de produtos de animais crus, sobretudo carne e ovos;
- Em Portugal, caso apresente sintomas de doença respiratória e tenha viajado de uma área afetada pelo novo coronavírus, as autoridades aconselham a que contacte a Saúde 24 (808 24 24 24). Caso se dirija a uma unidade de saúde deve informar de imediato o segurança ou o administrativo.
Combater a desinformação
A Organização Mundial da Saúde tem tentado também divulgar factos para combater a desinformação e mitos ligados ao novo coronavírus. Eis algumas dessas informações:
- É seguro receber cartas ou encomendas vindas da China, porque as análises feitas demonstram que o coronavírus não sobrevive muito tempo em objetos como envelopes ou pacotes;
- Não há qualquer indicação de que animais de estimação, como cães e gatos, possam ser infetados ou portadores do novo coronavírus. Mas deve lavar-se sempre as mãos após contacto direto com animais domésticos, porque protege contra outro tipo de doenças ou bactérias;
- Não há também prova científica de que o consumo de alho ajude a proteger contra o novo coronavírus;
- Usar e colocar óleo de sésamo não mata o novo coronavírus;
- As atuais vacinas disponíveis no mercado contra a pneumonia não previnem contra o coronavírus 2019-nCoV. Este novo vírus precisa de uma nova vacina que ainda não foi desenvolvida;
- Os antibióticos não servem para proteger ou tratar as infeções provocadas pelo coronavírus. Os antibióticos são usados para infeções bacterianas e não virais. Contudo, os doentes hospitalizados infetados com coronavírus poderão ter de receber antibióticos porque pode estar presente também uma infeção bacteriana;
- Pessoas de todas as idades podem ser afetadas pelo coronavírus. Contudo, pessoas mais velhas ou com doenças crónicas (como asma ou diabetes) parecem ser mais vulneráveis a ter doença grave quando infetadas.
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