No encerramento do Encontro Nacional de Saúde do partido, que decorreu num hotel em Lisboa, Catarina Martins disse ter ouvido “vezes de mais” quem defenda que “não interessa” se a gestão da saúde “é pública ou privada”.
“No momento em que o país se prepara, como o resto do mundo, para uma epidemia, aqueles que andaram a atacar sempre os hospitais públicos e que até defenderam que deviam ser privatizados, esses mesmo não vão exigir nada aos hospitais privados, vão exigir tudo aos hospitais públicos do SNS”, afirmou.
“Se alguém precisava de uma prova de que precisamos sim de um SNS público forte, ela aqui está, porque é de quem dependemos”, acrescentou.
A coordenadora do BE alertou que nem os seguros privados cobrirão despesas relacionadas com novos vírus nem as contratualizações dos hospitais privados com o Estado preveem situações como as do Covid-19.
“Quem é que estará sempre e terá de estar sempre preparado para todas as circunstâncias? O SNS público forte, se não for forte vamos dizer que contratualizamos com privados, mas nada acontece, ou deixaremos a população sozinha, indefesa à espera que seguros e hospitais privados resolvam o que nunca vão resolver”, criticou.
A coordenadora do BE aproveitou para elogiar a atuação dos profissionais de saúde e da Direção-Geral da Saúde durante este surto, considerando que tem existido “uma enorme serenidade e informação importante à população”.
“Significa que temos um SNS para responder às necessidades das pessoas, tenhamos também exigência de lhe dar todos os meios de que ele precisa para responder da melhor forma”, apelou.
Catarina Martins admitiu que o SNS “pode estar fragilizado, pode estar sob fortes ataques”, mas continua a ser reconhecido pela população “como um dos serviços em que deposita a maior confiança”.
Na sua intervenção, a líder bloquista apelou para a importância de a Lei de Bases da Saúde ser regulamentada com urgência.
“Enquanto não estiver regulamentada, a Lei de Bases não será uma realidade”, alertou.
A líder do BE realçou ainda o contributo do partido para o último Orçamento do Estado, frisando que o documento contém o maior orçamento do SNS de sempre, “mais de 11 mil milhões de euros”.
Em Portugal, até ao momento, os 59 casos suspeitos que fizeram testes nos hospitais deram todos negativos de coronavírus, que dá origem à doença Covid-19.
O surto do novo coronavírus, detetado em dezembro, na China, e que pode causar infeções respiratórias como pneumonia, provocou pelo menos 2.916 mortos e infetou mais de 84 mil pessoas, de acordo com dados reportados por 57 países e territórios.
Das pessoas infetadas, mais de 36 mil recuperaram.
Além de 2.835 mortos na China, há registo de vítimas mortais no Irão, Coreia do Sul, Itália, Japão, Filipinas, França, Hong Kong e Taiwan.
Dois portugueses tripulantes de um navio de cruzeiros encontram-se hospitalizados no Japão com confirmação de infeção.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou o surto de Covid-19 como uma emergência de saúde pública internacional e aumentou o risco para “muito elevado”.
A DGS manteve na sexta-feira o risco da epidemia para a saúde pública em “moderado a elevado”.
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