"Parece-me claro que, para controlar a pandemia no nosso país, precisamos de mais gente na saúde pública, de fazer mais testes para perceber o que se passa e de planeamento para que o Serviço Nacional de Saúde possa dar resposta à covid-19, mas também às outras necessidades", disse Catarina Martins, coordenadora do partido, no final de uma reunião com vários especialistas em saúde pública, no Porto.
Catarina Martins afirmou que "a forma como o país vai chegar ao próximo outono vai depender da forma com age agora" e mostrou preocupação com os grupos mais vulneráveis.
"Está mais vulnerável no nosso país quem está mais excluído, quem é mais pobre, quem vive em habitações sobrelotadas, quem tem de usar muito os transportes públicos todos os dias, e quem está mais precário e não pode faltar ao trabalho", vincou.
Segundo Catarina Martins, esta situação da pandemia, e a crise associada, "só veio dar razão ao Bloco de Esquerda naquilo que o partido já tinha considerado ser essencial nesta legislatura".
"Propusemos ao Governo um acordo para reforçar os direitos de quem trabalha, um reforço dos serviços públicos essenciais como o SNS. Nessa altura, não havia pandemia, mas só nos veio dar razão ao vermos que as populações mais vulneráveis são as mais precárias e que os serviços de saúde são essenciais", vincou.
Nesta reunião de Catarina Martins com especialistas em saúde pública participou Henrique Barros, presidente do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, que vincou, igualmente, a necessidade de se alagar o número de testes à covid-19.
"Portugal é um dos países que mais testa por milhão de habitantes, mas é um dos países onde ainda é excessivamente baixa a proporção de testes por cada caso positivo. O facto de testarmos muito, não quer dizer que estejamos a testar o necessário", apontou o especialista.
Para Henrique Barros, o preço dos testes "ainda é excessivo para a grande quantidade que se está a fazer", considerando que "as comunidades da saúde têm obrigação para chamar a atenção para isso e que o Governo deveria definir esse preço".
Sobre a situação da pandemia em Portugal, o especialista considerou "estar controlada", mas confessou que gostaria de ver o panorama com números "mais baixos".
"Falta-nos garantir que se quebrem as cadeias de transmissão. Não nos podemos satisfazer com números de casos que sejam manejáveis pelos serviços de saúde. Temos de conseguir, em alguns períodos, levar os casos praticamente a zero. Isso não é impossível, nem muito complicado. Temos de garantir a identificação dos casos, fazer um esforço grande em testes e isolar as pessoas que são detetadas com o vírus", afirmou Henrique Barros.
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