O Museu Nacional de Resistência e da Liberdade, no distrito de Leiria, “é um legado muito importante de todos aqueles que resistiram, todos aqueles que lutaram, e eu diria que é a última etapa da luta pela resistência e pela liberdade que é deixarem este seu testemunho de vida, este seu testemunho de dor e este seu testemunho sobre o que foi a ditadura às gerações que nos hão-de suceder e que nunca poderão esquecer para nunca poderem voltar a viver” declarou António Costa.
No ano das comemorações dos 50 anos da liberdade e da democracia em Portugal, e num dos últimos atos enquanto primeiro-ministro, Costa sublinhou, ladeado pelos antigos presos políticos Fernando Rosas e Domingos Abrantes, que “convém não esquecer os 48 anos de ditadura que antecederam estes 50 anos de democracia e recordar aqueles que foram decisivos”.
Costa lembrou os ‘Capitães de Abril’ e os resistentes antifascistas entre 1926 e 1974, que “mantiveram viva a ideia da liberdade e a aspiração democrática”.
A estes “devemos que os valores da liberdade e da democracia não se tenham perdido na história e tenham sido transportados para o futuro”, frisou.
“Este é um museu da resistência antifascista e tem como objetivos despertar consciências democráticas e educar os jovens para os princípios da defesa da liberdade, uma realidade que nos atormentou durante 48 anos e que esperamos que não volte a repetir-se”, sublinhou Domingos Abrantes, preso político durante nove anos e meio.
Já o historiador Fernando Rosas, antigo preso político e membro da comissão executiva responsável pelo acompanhamento das obras do museu, afirmou que a importância de “salvaguardar a história num momento em que a democracia portuguesa é alvo das maiores ameaças”.
Ambos contaram o quotidiano na antiga prisão política, onde os presos eram “humilhados" e "anulados” enquanto seres humanos e estavam 21 horas fechados nas celas, muitas vezes sem livros e jornais, mas onde também se preparava a luta contra o regime ditatorial.
A um mês da inauguração do museu, António Costa recordou o movimento que levou o seu Governo, em 2017, a abandonar a ideia de concessionar a Fortaleza de Peniche a privados para fins turísticos e a avançar com obras de valorização do espaço para vir a albergar o Museu da Resistência e da Liberdade, “espaço de recordação e de memória sobre o combate à resistência”.
António Costa recusou responder a outras questões dos jornalistas.
Em fevereiro de 2022, a Fortaleza de Peniche encerrou para obras destinadas à instalação do museu, um investimento de 4,3 milhões de euros, comparticipados por fundos comunitários.
Em abril de 2017, o Governo aprovou um plano de recuperação da Fortaleza de Peniche para instalar o museu na antiga prisão da ditadura do Estado Novo, destinada a presos políticos.
Em setembro de 2016, a Fortaleza de Peniche foi integrada pelo Governo na lista de monumentos históricos a concessionar a privados, no âmbito do programa Revive, mas passados dois meses foi retirada, pela polémica suscitada, levando a Assembleia da República a defender a sua requalificação, em alternativa.
A fortaleza, classificada como Monumento Nacional desde 1938, foi uma das prisões do Estado Novo, de onde se conseguiu evadir, entre outros, o histórico secretário-geral do PCP Álvaro Cunhal, em 1960, protagonizando um dos episódios mais marcantes do combate ao regime ditatorial.
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