Num debate com alunos de doutoramento que se realizou no i3S, no Porto, no âmbito da visita da chanceler alemã, Angela Merkel, a Portugal, António Costa disse que “uma boa forma de participar é estar atento às campanhas eleitorais” e depois votar.
“A União Europeia (UE) não é alguma coisa que está em Bruxelas e existe para além dos cidadãos. Não é verdade”, disse, frisando que “todos os centros da UE resultam da participação dos cidadãos”.
Nesta iniciativa, António Costa afirmou que o papel da Europa no combate ao terrorismo é uma mais valia, porque há cooperação policial e judiciária entre todos os Estados-membros.
“Temos melhores condições para combater o terrorismo e isso é um exemplo de como a Europa pode ser uma mais valia e como nós podemos ao mesmo tempo sermos capazes de garantir segurança dos europeus e manter a liberdade de circulação”, bem como ter entre a fronteira atlântica e a fronteira da Polónia com a Rússia “um enorme espaço de segurança e justiça”.
Costa disse ser necessário “olhar para as causas do terrorismo”, considerando que “não é por acaso que, na generalidade dos atentados na Europa, os autores não vieram de fora: nasceram, cresceram e viveram muitas vezes na Europa”.
Em relação à livre circulação de pessoas “não temos qualquer hipótese”, disse Angela Merkel, justificando que as “informações não são ainda suficientemente colocadas em rede”, contudo, se “não houvesse cooperação ente serviços e informações não era possível travar esse combate” ao terrorismo.
A chanceler alemã também considerou ser importante olhar para “as razões do terrorismo”, afirmando que “a luta” passa também por se encontrar “soluções politicas” e por reforçar o trabalho de “coesão”, quer na UE como fora dela.
Para António Costa, o que tem sido “um enorme sucesso” da UE ao longo da sua história “é ter conseguido assegurar o maior período de paz” na Europa, “conseguindo encontrar método de conciliar essas vontades, interesses, culturas e perspetivas diversas” de todos os seus estados-membros.
“Cada vaga de alargamento tem sido mais desafiante, mas ao mesmo tempo tem enriquecido mais a Europa do ponto de vista da diversidade”, disse, frisando que “o esforço na compreensão dos outros é absolutamente essencial”.
Para o chefe do Governo, “um dos maiores riscos” no futuro da Europa “é uma certa fratura entre diversas partes da Europa”, mais visível hoje em dia entre o oeste e o este europeu.
“Nós, com experiência secular de circular pela África, américas e ásias, temos muitas vezes dificuldade em compreender como é que países no centro da Europa têm às vezes dificuldades de compreender os outros e de acolher os outros. Se nós não tivéssemos esta experiência de ter andado pelo mundo como descobridores, colonizadores e emigrantes, teríamos a mesma abertura de espírito de acolher os migrantes”, questionou, considerando que provavelmente Portugal teria “desenvolvido a mesma reação” dos outros.
António Costa reafirmou a necessidade de existir “este esforço de compreensão e de superação destas diferenças” e que este tem de ser “um exercício permanente”.
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