A presidente da associação de trabalhadores da autoridade de saúde de Hong Kong, Winnie Yu Wai-ming, disse à Lusa que 70% dos enfermeiros e cerca de 300 médicos dos hospitais públicos aderiram à iniciativa.
A região administração especial chinesa conta perto de 15 mil médicos em hospitais públicos e clínicas privadas.
Se as autoridades não responderem às exigências do pessoal médico, mais seis mil profissionais irão juntar-se à greve na terça-feira, acrescentou a líder do grupo que convocou a iniciativa.
Winnie Yu disse acreditar que a classe tem o apoio da população. “A maioria das pessoas percebe que, se não encerrarmos as fronteiras, surgirão cada vez mais casos”, indicou a responsável.
De acordo com um estudo do Instituto de Pesquisas da Hong Kong Public Opinion Research Institute, uma organização independente, 61% dos inquiridos apoiam a greve e 80% defendem a suspensão da entrada em Hong Kong de residentes da China.
“Temos de agir rapidamente para evitar um surto grave aqui em Hong Kong. Se adiarmos, poderá ser tarde demais,” avisou Winnie Yu.
Hong Kong já suspendeu as ligações de comboio e de barco com a China, mas a associação de pessoal médico disse temer que isso seja insuficiente.
Winnie Yu sublinhou que um paciente suspeito de ter contraído o coronavírus fugiu do Hospital Príncipe de Gales, na região administrativa especial chinesa.
Por outro lado, Yu disse acreditar que muitos visitantes oriundos da China não têm indicado, ao chegar a Hong Kong, que estiveram na província de Hubei, no centro da China, onde surgiu o novo coronavírus.
“Tendo em conta os números da semana passada, todos acreditamos que Hong Kong irá em breve enfrentar um surto”, acrescentou.
Hong Kong tem, atualmente, 15 casos confirmados do novo coronavírus (2019-nCoV).
Winnie Yu defendeu que a cidade não tem um número suficiente de quartos para isolamento de pacientes em caso de surto grave e que muitas das instalações existentes “não reúnem as condições necessárias”.
Apesar de a greve não ter um fim definido, a líder do grupo disse esperar que “o Governo escute as recomendações dos profissionais de saúde que todos os dias lidam com a situação no terreno”.
Cerca de 80 mil pessoas, incluindo médicos, enfermeiros e pessoal não-médico, trabalham em hospitais no território.
A chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, tem recusado encerrar a fronteira, defendendo que tal medida seria discriminatória e contrária às recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS).
A China elevou para 362 mortos e mais de 17 mil infetados o balanço do surto de pneumonia provocado pelo novo coronavírus detetado em dezembro passado, em Wuhan, capital da província de Hubei.
As Filipinas anunciaram no domingo a morte de um cidadão de nacionalidade chinesa, vítima de uma pneumonia causada pelo coronavírus, a primeira vítima fatal fora da China.
Além do território continental da China e das regiões chinesas de Macau e Hong Kong, há mais casos de infeção confirmados em 24 outros países, com as novas notificações na Rússia, Suécia e Espanha.
A OMS declarou na quinta-feira uma situação de emergência de saúde pública de âmbito internacional por causa do surto do novo coronavírus na China.
Comentários