A Assembleia Popular Suprema norte-coreana vai debater um projeto “sobre a proteção do dialeto cultural de Pyongyang”, encarado como uma nova tentativa de impedir a entrada de influências estrangeiras no país isolado, indicou a agência de notícias oficial norte-coreana, KCNA.
Desde o início da pandemia de covid-19 que o regime já alertava contra o uso de palavras estrangeiras, em referência ao coreano falado no Sul e ao qual os norte-coreanos têm acesso através de conteúdo audiovisual contrabandeado para o país.
A Assembleia Popular Suprema vai também analisar a execução do orçamento de Estado deste ano, aprovar o orçamento para 2023 e discutir leis relacionadas com o trabalho da Procuradoria-Geral norte-coreana.
A convocação de uma sessão parlamentar foi decidida, por unanimidade, na terça-feira, pela comissão permanente da Assembleia Popular Suprema, numa reunião em Pyongyang, na qual o líder Kim Jong-un não esteve presente.
A Assembleia Popular Suprema, cujo papel é aprovar as decisões da liderança do regime, costumava realizar apenas uma sessão por ano, normalmente em abril, sobretudo para lidar com orçamentos e questões organizacionais.
No entanto, em 2022, o parlamento realizou duas sessões anuais, em fevereiro e setembro.
Na última sessão, a Assembleia Popular Suprema aprovou uma lei que autoriza o lançamento de ataques com armas nucleares e declara como irreversível o estatuto de potência nuclear do país
A convocação da sessão parlamentar surge numa altura de grande tensão na península coreana.
A Coreia do Norte disse, na terça-feira, ter ordenado às forças armadas que efetuem disparos de artilharia na zona costeira, pelo segundo dia consecutivo, numa resposta a exercícios de fogo real do Sul, junto à fronteira.
A Chefia de Estado Maior Conjunto da Coreia do Sul disse que os projéteis de segunda-feira atingiram o norte da zona tampão, criada em 2018, no âmbito do acordo entre as duas Coreias para reduzir as tensões militares.
O Japão e a Coreia do Sul anunciaram, na sexta-feira, novas sanções contra a Coreia do Norte, numa resposta à intensificação dos ensaios de mísseis de Pyongyang.
Seul adiantou que as sanções afetam oito indivíduos e sete empresas ligadas a operações de aquisição para o desenvolvimento de armas de destruição maciça, de acordo com uma nota do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Coreia do Sul.
Pyongyang realizou, em novembro, um número recorde de testes de mísseis, em resposta às manobras militares conjuntas de Seul e Washington, dando origem a uma perigosa escalada na península coreana.
De acordo com imagens de satélite, é possível que o regime norte-coreano realize, em breve, um novo teste nuclear, para o qual está preparado há vários meses.
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