Em entrevista à Lusa, a eleita pelo Partido Democrata que vai representar o 3.º distrito de Massachusetts qualificou o sistema de imigração nos EUA de “avariado” e disse que é “papel do Congresso consertá-lo”.
“Pelo que sei, quando eles [os deputados] não fazem o seu dever, famílias como aquela em que eu cresci ficam, proporcionalmente, mais difíceis. Comunidades como as que eu vou representar – Lowell, Lawrence, Haverhill – ficam proporcionalmente mais difíceis”, comentou.
Segundo Lori Trahan, 11 milhões de pessoas vivem indocumentadas nos EUA e é preciso “encontrar um caminho de solução”, “encontrar uma nova narrativa sobre a imigração”, dizendo que os “imigrantes são uma parte importante da história e um componente importante da economia”.
Lori Trahan defendeu que as negociações terão de ser focadas sobre as migrações de famílias, nos critérios para aceitar imigrantes e no funcionamento do sistema de vistos, tendo em conta também os trabalhadores originários dos EUA e os défices de competências no país.
No que diz respeito ao ‘Green Card’ (cartão de residente permanente), que muitos portugueses querem obter ao fim de alguns anos a residir e trabalhar nos EUA, Lori Trahan salientou que os processos têm de ser eficientes e que “não há razão para pessoas ficarem encalhadas num sistema avariado, durante três anos, ou cinco, ou para algumas nacionalidades, mesmo 12 anos”.
“Entro com uma visão completa sobre como um sistema avariado pode prejudicar as pessoas, - pessoas do nosso distrito, pessoas ‘encalhadas’ no sistema - e vou lutar para o por a funcionar”, disse Lori Trahan à Lusa.
A deputada disse conhecer “o sofrimento que [o sistema] cria para alguém que quer planear o seu futuro financeiro ou que tenta perceber o que vai acontecer com a sua família”.
A nova deputada mostrou-se orgulhosa com o facto de ser a sua eleição ser um sinal dos tempos e de afirmação das mulheres no espetro político.
Agora, até à tomada de posse a 03 de janeiro, o objetivo é encontrar “quem são as pessoas que vamos trazer para o governo para construir uma operação de que nos vamos orgulhar”, explicou.
Neste período, Trahan já está ocupada com a logística e com os recursos humanos em que se vai basear durante os dois anos do mandato, que vão estar repartidos em dois lugares: Washington e pelo distrito que representa, “para que as pessoas sintam que estão a ser servidas e ajudadas”.
A “fase de transição”, como a futura representante lhe chama, consiste em várias semanas de visitas a Washington, à câmara baixa, para os novos membros receberem orientações e conhecerem os processos e os trabalhos que se vão desenvolver a nível federal.
Em entrevista telefónica à Lusa, Lori Trahan, disse que a nova composição da Câmara dos Representantes é um sinal de que se vão fazer mudanças nos EUA em políticas de imigração e de representação das comunidades.
“Estou ansiosa de ir em frente e fazer parte de uma nova liderança”, constatou a lusodescendente.
“Uma das coisas pelas que estou incrivelmente entusiasmada é ir para Washington com 100 mulheres na Câmara dos Representantes, um número que ainda pode crescer, porque ainda há contagens que não foram finalizadas”, afirmou Lori Trahan, que nos últimos seis anos se dedicou, com a empresa que fundou, a recrutar mulheres para os quadros e para a liderança de várias empresas e corporações.
Lori Trahan foi chefe de gabinete do congressista Marty Meehan por quase dez anos e disse ter noção do “esforço hercúleo” que é necessário para algumas mudanças legislativas Congresso.
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