No dia dois de maio, na sequência das sanções impostas à Rússia pela UEFA, devido à invasão à Ucrânia, Portugal soube que iria ficar com o lugar da seleção russa no Euro 2022 e assim disputar o segundo Campeonato da Europa de Futebol Feminino da sua história.
A notícia era boa, mas vinha acompanhada de um prognóstico pouco favorável: a equipa lusa ia integrar o grupo C com as atuais campeãs europeias, dos Países Baixos, a Suécia, campeã olímpica e segunda classificada do ranking FIFA, apenas atrás dos Estados Unidos da América, e a Suíça.
Teoricamente, as seleções portuguesas e helvéticas teriam muito poucas hipóteses diante de duas gigantes europeias. Mas a possibilidade de ser a surpresa estava ao alcance de qualquer uma delas. O primeiro jogo entre os dois underdogs terminou empatado, depois de Portugal ter protagonizado uma recuperação sem paralelo na história dos Europeus femininos de dois golos de desvantagem.
A repartição do mínimo de pontos entre as duas seleções diminuía as hipóteses de surpresa nas contas futuras do grupo, ao mesmo tempo que Países Baixos e Suécia também dividiam pontos na primeira jornada.
No segundo jogo da fase de grupos, Portugal voltou a protagonizar uma recuperação de dois golos de desvantagem, desta vez diante da campeã europeia em título, mas viria a cair com um 'remate do meio da rua' de Danielle van de Donk. Esta seria a melhor prestação da seleção portuguesa no Euro, batendo-se olhos nos olhos com uma das melhores seleções do mundo, tendo somado várias oportunidades para empatar e até ganhar o encontro.
Na última jornada do grupo, disputada este domingo, para Portugal sonhar com os quarto-de-final que nunca alcançou tinha de derrotar a Suécia e esperar que a Suíça não vencesse os Países Baixos, ou fazendo-o, com um somatório final de diferença de golos inferior ao luso. A tarefa era complicada na teoria e foi-o na prática com a equipa das Quinas a ser goleada por 5-0 na exibição mais fraca da competição.
Em números, este Euro foi pior do que o disputado em 2017. Portugal fez menos pontos, 1 contra 3, e sofreu mais golos, 10 contra 5. No entanto marcou mais golos do que no último europeu, 4 contra 3.
Noutras estatísticas, a seleção portuguesa sofreu a sua derrota mais pesada num Euro (5-0), sofreu golos em todos os jogos, sendo que desses 70% foram na sequência de bolas paradas: três de canto; três livre indireto e um de grande penalidade.
Na antevisão do jogo com a Suécia, o selecionador Francisco Neto parafraseou Jorge Braz, o selecionador português de futsal masculino, para dizer que este último encontro era "uma montanha muito grande para ser escalada", mas que Portugal tinha a "ambição" e "coragem" para "procurar escalar essa montanha”.
Apesar de a equipa não ter conseguido colocar uma bandeira no topo da montanha, mostrou ser capaz de trabalhar em equipa para jogar de igual para igual com uma campeã europeia, como foi o caso do jogo com os Países Baixos, ao mesmo tempo que exibiu uma série de talentos, como de Jéssica Silva, Diana Gomes ou Carole Costa, capazes de levar esta equipa mais longe.
A montanha pode ser grande, mas já não falta tudo.
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