Segundo a agência noticiosa oficial Xinhua, que cita uma decisão do Comité Central, Ying Yong, que foi, até à data, presidente da câmara de Xangai, “capital” financeira do país, substitui Jiang Chaoliang como secretário do Comité Provincial de Hubei.
Jiang ocupava aquele cargo desde 2016.
O Comité Central é composto pelos 376 membros mais poderosos do Partido Comunista, incluindo os 25 do Politburo e os sete do Comité Permanente do Politburo, a cúpula do poder na China.
Mais de dez cidades da província de Hubei, do qual Wuhan, epicentro do Covid-19, é capital, foram colocadas sob quarentena, com entradas e saídas interditas, numa medida que afeta cerca de 50 milhões de pessoas.
A Comissão Provincial de Saúde de Hubei (centro do país) indicou hoje que o número de mortos na província é agora de 1.310.
Nas últimas 24 horas, até à meia-noite de quarta-feira (hora local), as autoridades registaram mais 14.840 novos casos da infeção em Hubei, cuja capital é Wuhan.
Na segunda-feira, as autoridades chinesas anunciaram a demissão de dois altos quadros da Comissão de Saúde de Hubei, o diretor, Liu Yingzi, e o secretário do Partido Comunista da China (PCC) naquele organismo, Zhang Jin.
Ambos os cargos foram assumidos pelo vice-diretor da Comissão Nacional de Saúde, Wang Hesheng, que faz parte do grupo de trabalho formado pelo Governo central para lidar com o surto, e que foi também recentemente nomeado membro do mais alto órgão executivo de Hubei.
Por enquanto, não há indicações de que qualquer membro do Governo central possa ser afastado, e os órgãos oficiais do regime têm dirigido as culpas para as autoridades de Hubei.
A crise de saúde pública paralisou o país, ditando o encerramento de fábricas, restaurantes e retalhistas. As consequências são imprevisíveis para os empresários e trabalhadores da segunda maior economia do mundo.
O Partido Comunista, que governa o país desde 1949, enfrenta assim umas das priores crises de legitimidade em décadas, mas, até à data, não há indicações de que qualquer membro do Governo central possa ser afastado.
A má gestão e ocultação de informações cruciais aquando do surto da Síndrome Respiratória Aguda Grave, ou pneumonia atípica, entre 2002 e 2003, levou à queda do presidente da câmara de Pequim, Meng Xuenong – que foi substituído pelo atual vice-presidente da China, Wang Qishan – e do ministro da Saúde, Zhang Wenkang.
Na semana passada, a morte de Li Wenliang, o médico que inicialmente alertou a comunidade médica de Wuhan sobre o novo coronavírus, mas que foi obrigado pela polícia a assinar um documento no qual denunciava o aviso como um boato “infundado e ilegal”, levou a reações imediatas nas redes sociais chinesas, com o ‘hashtag’ #woyaoyanlunziyou (‘eu quero liberdade de expressão’, em chinês) a tornar-se viral.
No entanto, o Tribunal Supremo do país limitou-se a criticar publicamente a polícia local pelo sucedido.
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