A avenida 5 de outubro, onde estão muitos restaurantes e lojas, o mercado municipal ou a marina de Olhão, está condicionada ao trânsito rodoviário e apeado, com os automóveis a circular de este para oeste, e os comerciantes queixam-se da perda de clientes e receitas por causa de uma obra que consideram estar a prejudicá-los mais do que anteciparam.
Pedro Sousa, gestor de uma farmácia, disse à agência Lusa que o impacto das obras no negócio “tem sido um pouco acentuado” e considerou que os prazos dados aos comerciantes para a sua realização, entre outubro de 2018 e maio de 2019, “não estão a ser respeitados”.
“O que faz com que, para nós, como farmácia, que é um negócio diferente da restauração, seja um pouco difícil neste momento estar nesta posição”, afirmou, apontando o “impedimento da circulação automóvel” e a dificuldade de “circulação de pessoas com mobilidade reduzida” como fatores que pressionam mais negativamente o negócio.
Também Xu Suilam, proprietário de um restaurante chinês, disse à Lusa que as receitas, em “dezembro, baixaram muito por causa das obras”, e faturou “menos 3.000 euros do que em 2017″, no mesmo mês.
“O negócio baixou muito por causa das obras, mas por enquanto o tempo está bom, se houver chuva complica, porque as pessoas não vão conseguir passar e não sei como vou pagar ordenados e rendas”, admitiu.
Também Artur Mesquita reconheceu que o seu negócio “já é complicado, porque é de produtos artesanais e regionais” e, “agora, com as obras”, e como vive essencialmente “através do turismo”, está “ainda mais complicado”.
Se antes “já havia falta de estacionamento”, com a atual situação “está um caos”, disse este comerciante, considerando que os responsáveis da obra “não vão cumprir os prazos” e os olhanenses e visitantes da cidade vão estar sujeitos à situação no verão.
O presidente da Câmara de Olhão, António Pina, disse que a autarquia “não se esconde atrás da Sociedade Polis” Litoral da Ria Formosa, apesar de ser esta quem financia a obra de 1,5 milhões de euros, reconheceu que “há atrasos” nos trabalhos, mas disse ter recebido garantias do empreiteiro de que a obra terminara no final de maio, como previsto.
“O senhor Manuel Ruas, dono da empresa [empreiteira da obra], assumiu mais uma vez o compromisso pessoal de terminar dentro do prazo que prevíamos, até ao final do mês de maio, mas explicou as razões pela qual houve este atraso e prendem-se, essencialmente, com as dificuldades que em obter os materiais para a obra, nomeadamente os diferentes tipos de calçada”, justificou o autarca.
Também o presidente da comissão liquidatária da sociedade Polis Litoral Ria Formosa, José Pacheco, atribuiu “alguns pequenos atrasos” na obra ao aprovisionamento de materiais de construção, mas sublinhou que estes não são “significativos” e que os trabalhos vão ficar concluídos no prazo estimado, ou seja, no início do segundo semestre do ano.
“A partir de dia 15 [de janeiro] esperamos que a obra tenha um desenvolvimento mais célere do que tem tido até agora”, referiu à Lusa aquele responsável.
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