Em entrevista à agência Lusa, um mês após ter assumido a presidência da LBP, António Nunes disse que, no âmbito do combate aos incêndios florestais, apenas falta entregar esta matéria “exclusivamente aos bombeiros”.
“O que se deve fazer é entregar o combate aos bombeiros. Se há 64 helicópteros para combater os incêndios, tem de haver 64 equipas de bombeiros abordo dos helicópteros”, frisou.
António Nunes considerou que os bombeiros não precisam de mais meios e que os combatentes existentes são “praticamente suficientes”, podendo apenas existir “um ou outro ajustamento”.
O que é necessário, defendeu, “é mais organização” e que cada instituição tenha o seu papel.
Comandados pela Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil podem combater os incêndios florestais diversos agentes de proteção civil, como bombeiros voluntários, sapadores florestais, elementos da Unidade de Emergência de Proteção e Socorro da GNR e Força Especial de Proteção Civil.
António Nunes considerou que “a melhor organização” passa por devolver aos bombeiros a sua anterior estrutura de comando operacional, ou seja, passarem a ter um comando operacional autónomo.
“Devolver o comando aos bombeiros, entregar as forças de intervenção na área do socorro aos bombeiros e os bombeiros vão dar bem conta disso sem nenhuma burocracia. A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil que tem uma direção nacional de bombeiros deve continuar a tratar de todos os aspetos administrativos, isso é deles e está bem entregue”, disse.
António Nunes sugeriu que este novo modelo podia até ser testado em alguns distritos durante a próxima época de fogos.
“Todos os anos são bons para fazer experiências desde que haja capacidade de organização e trabalho”, afirmou, frisando que há comandantes “disponíveis para se fazer a experiência em quatro ou cinco distritos”.
Mostrando-se otimista com esta nova organização do modelo de combate aos fogos, o presidente da LBP afirmou que ainda há tempo para se trabalhar neste projeto, uma vez que ainda se está em fevereiro.
O presidente da LBP defendeu igualmente que 1.200 elementos da GNR vocacionados para o combate aos incêndios deviam passar para os bombeiros.
António Nunes manifestou confiança nos bombeiros, garantindo que “os combatentes sabem combater fogos” e que a sua formação “é boa”.
No entanto, alertou que os bombeiros não têm capacidade para evitar incêndios como os de 2017.
“Podemos evitar mortes. Podemos ter capacidade para diminuir as vulnerabilidades. Temos capacidade para avaliar os riscos, ter capacidade para atenuar os riscos e as vulnerabilidades, mas não temos capacidade para evitar os desastres. Esses estão escritos na história e vão continuar a estar”, disse.
Na entrevista à Lusa, o presidente da LBP falou ainda da atual situação de seca que o país atravessa, considerando que devem ser tomadas medidas de emergência após a posse do Governo para prevenir situações que possam ocorrer.
“Se nós não tomarmos medidas antecipadamente de realização de um conjunto de tarefas que podem passar muitas das vezes por fazer alguns investimentos. Por exemplo, se nós queremos combater bem os incêndios florestais e se há albufeiras em que está em crise a utilização de aeronaves de asa fixa temos que reforçar os helicópteros e temos que fazer bacias de retenção no meio da floresta. Portanto há medidas de prevenção essas sim que têm que ser feitas e devem ser pensadas e no imediato”, disse.
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