A Inglaterra proibiu em setembro os encontros sociais com mais de seis pessoas, tanto no interior como no exterior (com algumas exceções, como escolas, locais de trabalho ou desportos de equipa), e os avicultores já tinham começado a pensar no prato tradicional natalício há vários meses.
Desde que a pandemia chegou ao país, o criador de aves biológicas Mark Chilcott antecipou que haveria restrições em relação ao número de pessoas que poderiam sentar-se à mesa no Natal.
Em abril, o agricultor, proprietário de uma quinta de 180 hectares no condado de Dorset, no sudoeste de Inglaterra, selecionou perus de raça “bronze”, preferindo fêmeas a machos, por serem mais pequenas, e reduziu o número de animais para 1.200, contra 1.500 no ano passado, contou à agência de notícias France-Presse (AFP).
As fêmeas pesam cinco a seis quilos, cerca de metade do peso dos machos, e representam um terço do peso dos enormes perus vendidos habitualmente nos supermercados na época natalícia, explicou.
Segundo o criador, é quanto basta para servir a refeição tradicional de Natal ao abrigo da chamada “regra dos seis”, atualmente em vigor no país.
Em algumas zonas do país, as famílias também não podem receber visitas fora do agregado familiar, restrições que podem vir a prolongar-se até ao Natal.
“Se ficarmos sem tamanhos pequenos, as pessoas terão de comprar peito [de peru] ou meia ave”, explicou o agricultor à AFP.
Para fazer face à procura de perus mais pequenos, o diretor-geral do British Poultry Council, o organismo que representa os avicultores, aconselhou o abate mais cedo, antes de os animais atingirem a maturidade, congelando-os até à época natalícia.
Segundo a organização, muitos criadores já tinham começado a fazer a transição para animais de menor porte, em resposta ao aumento da procura de aves mais pequenas, criadas ao ar livre, ou do ganso tradicional.
No ano passado, foram vendidos nove milhões de perus no Natal, de acordo com o organismo.
A zona de Lancashire, no norte de Inglaterra, juntou-se no sábado à área de Liverpool no nível “muito elevado”, o mais alto de uma escala de três níveis de risco criada pelo governo britânico em função do número de infeções de covid-19.
A maior parte de Inglaterra encontra-se no nível mais baixo desta escala, o que implica a proibição de ajuntamentos com mais de seis pessoas e o encerramento de bares e restaurantes às 22:00.
Para além destas medidas, o nível máximo proíbe o convívio entre agregados familiares diferentes.
Londres, juntamente com Essex, Elmbridge, Barrow-in-Furness, York, North East Derbyshire, Erewash e Chesterfield, passaram no sábado para o segundo nível, cujas restrições proíbem a sociabilização de núcleos familiares diferentes em espaços fechados, incluindo ‘pubs’ e restaurantes.
Ao todo, metade da população de Inglaterra, cerca de 27 milhões de pessoas, vive atualmente em áreas com restrições mais rigorosas.
A covid-19 matou mais de 43.000 pessoas no Reino Unido, mais do que qualquer outro país da Europa, e infetou mais de 700.000 pessoas, incluindo o herdeiro ao trono, o príncipe Carlos, entretanto já curado.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 1,1 milhões de mortos no mundo desde dezembro do ano passado, incluindo 2.162 em Portugal.
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