O jornal francês Le Monde, que está a acompanhar os protestos dos "coletes amarelos" este sábado em Paris, fala de um regresso em força dos manifestantes, depois de o número de manifestantes ter diminuído nos últimos fins de semana.
De manhã, os manifestantes lançaram bombas de fumo, petardos e outros objetos contra os agentes ao longo da avenida dos Campos Elísios - cenário de repetidos tumultos - e começaram a bater nas janelas de uma carrinha da polícia, enquanto outros ergueram barricadas, noticia a agência Lusa.
O dispositivo da polícia de choque recuou, assim como um canhão de água, com os manifestantes a pontapear a lateral do grande camião.
Mais tarde, gás lacrimogéneo e o canhão de água foram usados pelas autoridades numa rua lateral para tentar afastar os manifestantes agrupados entre duas lojas.
Num protesto marcado por mais uma onda de violência, algumas lojas nos Campos Elísios foram vandalizadas, carros queimados e um prédio esteve em chamas. As forças policiais evacuaram o edifício e o incêndio foi entretanto controlado, disse o ministro do Interior francês na sua conta oficial do Twitter.
O ministro do Interior francês já condenou a violência registada. Christophe Castaner escreveu na sua conta oficial do Twitter: "[Alguns protestantes] apelam à violência e estão lá para semear o caos em Paris. Profissionais da desordem equipados e mascarados estão infiltrados na multidão". O ministro pediu às forças policiais para que respondam "com a máxima firmeza a estes ataques inadmissíveis".
O porta-voz dos bombeiros, Florian Lointier, disse à Associated Press que há registo de onze pessoas com ferimentos ligeiros, incluindo dois bombeiros, na sequência de um incêndio num banco. Uma mulher e o seu filho foram resgatados pelos bombeiros.
Fontes policiais citadas pelo Le Monde dizem que foram feitas 82 detenções desde o início da manhã. Segundo a agência noticiosa France-Presse, o ministro do Interior francês estima que a mobilização esteja a envolver cerca de sete a oito mil pessoas, das quais 1.500 de grupos "ultra violentos".
A mobilização de hoje acontece um dia depois do fim oficial de um debate nacional promovido pelo Governo e espera reunir "a França inteira em Paris” para emitir um “ultimato” ao Governo.
O debate, que resultou em 10 mil reuniões em França e mais de um milhão de contribuições pela Internet, foi considerado uma "farsa" e uma "campanha de comunicação" por numerosos "coletes amarelos".
Os manifestantes classificam o debate como vazio e consideram-no uma jogada de campanha de Macron a pensar nas eleições para o Parlamento Europeu, em maio.
Preparando-se para um potencial aumento do número de manifestantes e de violência, a capital francesa distribuiu hoje mais polícias do que nos fins de semana anteriores. A polícia fechou várias ruas e espalhou-se pela margem direita do rio Sena.
Cerca de cinco mil homens e seis veículos blindados das autoridades policiais estão mobilizados para a capital.
Uma boa parte do centro da cidade está sujeita a restrições de trânsito, informou a polícia local.
Para além de Paris, há manifestações dos "coletes amarelos" organizadas noutras cidades francesas, num dia em que se realizam também protestos por toda a França de apelo à defesa do clima e da justiça social.
Os protestos começaram em 17 de novembro de 2018, com uma manifestação contra o anúncio do aumento do preço dos combustíveis que juntou, na altura, cerca de 282 mil manifestantes.
A subida do preço dos combustíveis não chegou a ser aprovada, em virtude da contestação, mas o motivo dos protestos, que se têm repetido todos os sábados desde então, foi, entretanto, alargado a toda a política fiscal e social de Emmanuel Macron.
Um balanço efetuado no dia 7 de março reporta a morte de mais de vinte pessoas durante as manifestações, 1.800 feridos e, de acordo com dados do ministério do Interior de França, mais de oito mil detenções.
*Com agências
[Notícia atualizada às 14h49]
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